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MP reafirma tese de crime político no caso Celso Daniel

O Ministério Público de São Paulo sustenta que o assassinato do ex-prefeito de Santo André, no ABC Paulista, Celso Daniel, foi um crime com motivações políticas. A tese foi reafirmada nesta quarta-feira pelo promotor Márcio Augusto Friggi de Carvalho. Segundo ele, os cinco réus que vão a julgamento a partir desta quinta-feira, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, foram contratados com o objetivo de matar o prefeito petista, a mando do empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra. Daniel foi sequestrado no dia 18 de janeiro de 2002 em uma estrada rural de Juquitiba. Ele dividia um caminhonete de luxo com Silva, que foi ignorado pelos sequestradores. Dois dias depois, Daniel foi encontrado morto com oito tiros e sinais de tortura.
De acordo com o MP, os dois estariam envolvidos em um esquema de desvio de recursos públicos e fraudes em licitações de coleta de lixo e transporte público. Os recursos desviados seriam utilizados para financiar a campanha política do PT naquele ano. Daniel teria rompido com o empresário quando descobriu que ele desviava os recursos em benefício próprio. Sentindo-se ameaçado, o empresário contratou o grupo de Dionísio de Aquino Severo, assassinado em abril do mesmo ano, para matar Daniel, simulando um crime comum de sequestro. Outras seis pessoas ligadas ao caso, entre elas testemunhas e um policial que participou das investigações, foram mortas ou morreram em condições suspeitas nos últimos dez anos.
Sombra não será julgado nesta quinta-feira. Seus advogados entraram com diversos recursos no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e no Supremo Tribunal Federal (STF), que acabaram adiando o julgamento do empresário. Vão a julgamento José Edílson da Silva, Itamar Messias Silva Santos, Elcyd Oliveira Brito, Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira e Ivan Rodrigues da Silva. Em depoimentos que constam no inquérito, eles negam a autoria ou apresentam a versão de uma emboscada, destinada a um empresário do setor hortifrutigranjeiro, que acabou chegando a Daniel por acaso. Apenas Elcyd de Oliveira Brito, o “John”, que dirigia um dos veículos que interceptou Daniel, deu outra versão. Para os promotores, ele chegou a declarar que o alvo do grupo sempre foi o prefeito e que o sequestro havia sido combinado por Dionísio com uma terceira pessoa.
_ Esse depoimento dele consta nos autos. Vamos ver se ele mantém essa versão ao júri. Só assim para o instrumento da delação premiada ter efeito
– disse o promotor.
O advogado de Elcyd, Adriano Neves Lopes, não dá detalhes sobre o que será dito para o júri.
_Temos duas linhas de defesa preparadas.
Na investigação conduzida pela Polícia Civil, o assassinato de Daniel é tratado como um crime comum, sem conotação política.
_ A Polícia fez um grande trabalho na identificação da autoria do crime, em dois meses. O Ministério Público já tinha informações anteriores ao crime sobre corrupção na prefeitura. Em um trabalho de dois anos, reunimos diversas provas que mostram que houve um crime político – disse o promotor.
De acordo com o promotor, Daniel sabia sobre os desvios que beneficiavam seu partido. Para o MP, até R$ 100 mil eram desviados por mês no esquema. O atual ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, na época assessor da prefeitura, seria o responsável por ficar
com o dinheiro desviado da prefeitura, de acordo com o MP. Ele e o PT respondem a uma ação de improbidade administrativa na Comarca de Santo André. A assessoria de imprensa do ministro informou que ele nega as acusações e não iria mais se manifestar sobre o caso.
No total, 13 testemunhas foram arroladas para o júri, todas de defesa. A expectativa é de que o julgamento acabe na sexta-feira.

via MP reafirma tese de crime político no caso Celso Daniel – O Globo.

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