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Ativistas usaram a Deep Web para tentar quebrar sigilio de Dilma, Lula e governadores

A Deep Web, que costuma ser definida como o Reino de Hades da internet, foi utilizada por ativistas para arregimentar hackers dispostos a quebrar o sigilo eletrônico de várias autoridades brasileiras. Entre os “alvos” do cyberativismo estavam a Presidente Dilma Roussef, o ex-presidente Lula, os governadores Geraldo Alckmin (SP), Sérgio Cabral (RJ), Tarso Genro (RS) e Antônio Anastasia (MG). Além deles, foram relacionados também alguns mensaleiros do PT (José Dirceu e José Genoíno) e assessores de governos estaduais e da Presidência da República.A conclamação foi feita no fórum Caravana Brasil, que aparentemente é frequentado por militantes do Anonymous.

Os primeiros posts foram feitos no dia 1º de junho, duas semanas antes do início da onda de protestos. A conclamação aos hackers, postada em inglês, aconteceu ente os dias 8 e 28. Logo na primeira mensagem (veja na reprodução abaixo), os militantes brasileiros afirmam que estão sendo oprimidos com brutalidade pela polícia e estabelecem os primeiro alvos: a Rede Globo, a ABIN e as polícias militares de todos os Estados. O autor da mensagem se refere à Presidente da República como “vadia corrupta” para pedir que seu e-mail seja aberto e  todos saibam seus “piores segredos”.

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A relação de alvos cresce na medida em que os protestos ganham as ruas. No dia 18 junho, data em que aconteceu a maior manifestação, o apelo é reiterado. Mas a relação surge ampliada, com os nomes dos quatro governadores, do ex-presidente Lula, dos mensaleiros petistas e de alguns assessores (veja no detalhe abaixo) . Além disso, o autor da mensagem anexou informações fiscais disponíveis no portal da Justiça Eleitoral para subsidiar a ação do hackers.

A Polícia Federal afirmou ao Blog do Pannunzio que a movimentação foi acompanhada pelo setor de inteligência e os autores das mensagens, identificados. Seriam militantes de um grupo criado no Facebook por iniciativa de estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais ligados ao Anonymous, grupo que esteve muito ativo na primeira safra de manifestações.

A Secretaria de Comunicação da Presidência da República disse ao Blog que não tem conhecimento de qualquer violação do e-mail de Dilma Rousseff. Para o presidente do Comitê de Direito Digital da OAB/SP, Coriolano Camargo, os autores da convocação aos hackers poderiam sofrer consequências graves caso tivessem conseguido seu intento. “Eles certamente seriam processados e estariam sujeitos a penas que podem chegar a até oito anos de prisão” assegura o advogado. “A soma das penas equipara esse tipo de violação à prática de crimes contra a vida como o homicídio culposo”.

Saiba o que é a Deep Web

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A despeito de constituir ainda hoje uma novidade para a maior parte dos internautas, a Deep Web é um ambiente virtual muito maior do que a web “aparente”. Ela é composta por arquivos e bancos de dados que não são indexados por mecanismos de buscas como o Google e o Yahoo. Estima-se que o volume de informações no subterrâneo da internet seja até 400 vezes maior do que o que está disponível para usuários comuns.

Para chegar até ela é necessário ter um programa que torna a navegação anônima ao trocar o endereço de IP do usuário por outro, definido por um servidor, que intermedia o fluxo de dados entre o computador do internauta a e os que ele acessa na internet. A aplicativo mais utilizado é o Vidalia. Também há necessidade de baixar um navegador compatível com arquivos que têm a extensão .onion (e não .htm ou .html).  O mais utilizado é o Tor Browser, uma versão adaptada do Firefox que dá acesso à Rede Tor. Ambos podem ser encontrados em links do Google e em serviços de download de arquivos.

Para iniciar a navegação, é necessário encontrar links para a um documento conhecido como Hidden Wiki, que contém os caminhos para se chegar aos conteúdos que se abrem a quem se aventura pelas águas turvas do lado escuro da web.

Ali pode-se encontrar qualquer coisa. Pode-se, por exemplo, contratar um assassino para eliminar, por US$ 50 mil, um político nos Estados Unidos, ou uma pessoa comum por apenas US$ 10 mil.

A malha de comércio ilegal que se formou tem como atividade proeminente o tráfico de drogas e armas. Em sites como o Silk Road é são vendidas cocaína pura, metanfetaminas ou maconha diretamente de fornecedores do outro lado do mundo. Nessa autêntica babel de criminosos, a legitimidade das ofertas é aferida apenas pelo ‘feedback’ de quem já comprou e conseguiu receber a encomenda.

A economia do porão da rede tem até uma moeda própria, o Bitcoin. Ela não existe fisicamente, mas é objeto de um intenso jogo de especulações que chega a criar reflexos no mundo real. Pode ser convertida em dinheiro por empresas que são verdadeiras casas de câmbio virtuais. Atualmente, a cotação do Bitcoin está por volta de US$ 105 dólares a unidade. Quando surgiu, em 2009, o valor era de apenas US$ ,05 (cinco centavos de dólar) por bitcoin. No primeiro semestre, graças à desconfiança gerada pelos bancos formais no auge da crise européia, a cotação chegou a US$ 266. Suspeita-se que o criador da unidade monetária seja apenas um personagem virtual que “desapareceu” no ano passado.

Quem se aventura a navegar pela Deep Web deve estar preparado para ser atacado por hackers, que exploram vulnerabilidades de seus computadores para roubar dados e disseminar vírus poderosos.

Mas atenção: não há garantia completa de anonimato. Ao navegar pelas páginas do inferno em rede, você pode acabar surfando na tela dos serviços de inteligência policial.

A rede, no entanto, também é utilizada para outros fins. Foi graças a ela, por exemplo, que eclodiram dois dos escândalos mais rumorosos da década: o Wikileaks e a denúncia de espionagem em massa do ex-agente da NSA Edward Snowden.

Se quiser conhecer a íntegra das mensagens postadas pelos ativistas brasileiros, que já saíram do ar, clique aqui.

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