Estou em Asunción, capital do Paraguai, primeira escala de uma viagem que vai terminar em Ponta Porã, Mato Grosso, na próxima segunda-feira. Vim até aqui para conhecer melhor o caso dos três paraguaios que foram recebidos como refugiados pelo governo brasileiro em 2003.
Um ano antes, Juan Arrom, Anúncio Matir e Artur Cólman foram acusados de participar do sequestro de Maria Edith Debernardi, mulher de um executivo da Itaipu Binacional e um dos homens mais ricos do país.
O governo de Fernando Lugo iniciou uma cruzada internacional para repatriá-los. O Paraguai anunciou que vai denunciar o Brasil à ONU por tê-los acolhido. Trazer os três ex-militantes do Partido Pátria Libre de volta vitrou uma questão de honra.
Visto daqui, o caso parece ser de uma enorme má-fé. Os três militantes de esquerda são alvo de uma das mais abjetas e mentirosas campanhas de perseguição política e ideológica de que se tem notícia. É fato que eles foram sequestrados pela polícia paraguaia. é fato que foram mantidos em um cárcere privado — a casa de um policial — onde foram torturados e seviciados para confessar um crime que talvez não tenham cometido.
A agenda de entrevistas das testemunhas aqui é extensa. No final do dia, farei um post informando das minhas observações e conclusões. A importância desse assunto pode ser medida pela agenda do encontro que o presidente Lula terá com seu colega Fernando Lugo na próxima segunda-feira, na fronteira entre os dois países.