A Comissão de Ética Pública da Presidência decidiu ontem abrir procedimento preliminar para analisar a conduta da ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) na compra de 28 lanchas pelo Ministério da Pesca.
Após avaliar as acusações contra a ministra e a defesa, apresentada antecipadamente, o colegiado vai decidir, em maio, se abre processo ético.
Ontem, o advogado de Ideli esteve conversando com membros da comissão, o que levou o presidente do órgão, Sepúlveda Pertence, a responder afirmativamente à pergunta sobre se considerava a visita uma pressão maior do que o normal.
A ministra controlou a Pesca durante cinco meses no ano passado. O contrato para a compra das lanchas foi fechado na gestão do também petista Altemir Gregolin, antecessor de Ideli.
A empresa beneficiada afirma que recebeu pedido de uma doação de R$ 150 mil para o Comitê Financeiro do PT de Santa Catarina, Estado de Gregolin e de Ideli.
Mais de 80% da campanha da ministra ao governo do Estado, em 2010, foi custeada pelo partido.
O TCU (Tribunal de Contas da União) apontou superfaturamento e direcionamento da licitação para fornecer as lanchas, que custaram R$ 31 milhões ao ministério.
A ministra nega relação com a empresa e com a doação. Sua assessoria afirmou que, em certidão, o TCU “atesta” que Ideli “não consta como responsável em nenhum processo”.
A Comissão de Ética não analisou o caso do assessor da ministra Olavo Noleto, que teve contato com um dos interlocutores do grupo de Carlinhos Cachoeira.
O colegiado tratou ainda de outros casos. Pediu mais explicações a Fernando Pimentel (Desenvolvimento) sobre suas atividades de consultoria entre 2009 e 2010 e arquivou denúncia contra Ana de Hollanda (Cultura) por ter recebido camisetas para desfile de carnaval.
via Folha de S.Paulo – Poder – Presidência vai analisar ação de Ideli no caso das lanchas – 17/04/2012.