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No jogo de ganha-ganha, PT pode transformar CPI do Cachoeira em CPI da Cascata

Não será a primeira vez na história. Com a ação determinada dos parlamentares petistas, a CPI da PETROBRAS teve o mesmo destino que o PMDB deu  à CPI da VASP há quase 15 anos: o lixo das investigações congressuais. Agora, o ânimo revigorado do maior partido do Congresso, que não se importa com o desgaste advindo de tais iniciativas, aponta para o mesmo destino. E a CPI do Cachoeira pode terminar por se transformar na CPI da Cascata.

As regras impostas pelo deputado Odair Cunha equivalem ao papel de um juiz que, ao arbitrar uma partida de futebol, antecipa que o jogo só vai valer se o adversário aceitar perder de goleada, tomar um capote.

Vai dar certo?

É possível que o adversário — no caso a oposição — decida que será mais vantajoso perder por WO, como aconteceu no final agônico da CPI da PETROBRAS. Pode ser que algum dos jogadores do time que vai ganhar faça um gol contra. Ou que a torcida se insurja contra o enredo e faça olas entoando o corinho conhecido, “juiz ladrão”. Há, também, a possibilidade de que o árbitro escalado para cumprir o papelão decida que será melhor e mais lucrativo deixar o jogo rolar, embora os primeiros sinais apontem em sentido contrário.

Começar a partida impedindo a convocação de três governadores comprometidos com os negócios da jogatina goiana é mais ou menos como expulsar o goleiro e os dois alas do time que deve perder, Ou autorizar o que vai ganhar a dar caneladas e fazer gol com a mão. No fim do espetáculo, a galera, mesmo diante da vitória massacrante por 171 X 0, pode pedir de volta o dinheiro do ingresso e casse, na bilheteria das urnas, o mandato do elenco escalado para a pantomima.

No futebol, como na vida parlamentar, há sempre o imponderável. É verdade que, nos jogos arranjados, há uma enorme probabilidade, desproporcional até, de que vingue o acerto dos cartolas. Na partida que começa agora, o imponderável pode surgir já no dia 15, quando o craque da corrupção Carlinhos Cachoeira vai entrar em campo para desvelar seu arsenal tático. Se não se conformar com o papel de Delúbio Soares que lhe foi prescrito, é provável que Cachoeira ponha abaixo a trama articulada pela cartolagem petista.

Caso vingue o roteiro e o jogo termine no massacrante 171 X 0 que se anuncia, o PT  poderá se ver colocado na mesma posição em que esteve o General Pyrrhus  há quase 2300 anos. Ao ser saudado por derrotar o exército romano na Batalha de Ásculo, com suas tropas em frangalhos, o grande general cravou a frase que o eternizou:

“Mais uma vitória como essa e estarei perdido”.

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