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Abandonada pelos amigos, escrivã despida à força por corregedores ainda aguarda julgamento

Um ano e três meses após a publicação do video em que aparece sendo despida à força por uma equipe da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, a escrivã V. ainda não foi julgada na esfera criminal. Na última audiência, as testemunhas de defesa — amigos de V. — faltaram, atrasando o desfecho do caso. V. é acusada de cometer crime de concussão por ter supostamente recebido R$ 200 de suborno para ajudar um motoboy acusado de porte ilegal de munição a se livrar de problemas judiciais.

A escrivã chegou a ficar presa por cerca de dois meses em 2010. A prisão decorreu do flagrante preparado pelo policiais da Corregedoria, que encontraram na calcinha dela quatro notas de R$ 50 previamente marcadas. V. nega que tenha recebido suborno. Segundo ela, o denunciante teria jogado o dinheiro sobre sua mesa segundos antes da entrada no local da equipe de corregedores.

O episódio transformou a vida de V. num inferno. Ela tentou se matar duas vezes, perdeu o emprego e enfrentou um longo período de recolhimento provocado por uma depressão severa. Agora está grávida do primeiro filho. A gravidez devolveu-lho o ânimo para enfrentar a rotina.

A escrivã, que cursava Direito numa faculdade privada, teve que abandonar o curso. Passou a se preparar para um concurso público, apesar do alerta de seu advogado de que, mesmo que fosse aprovada, não poderia tomar posse por ter sido demitida a bem do serviço público.  Sem dinheiro, vinha sendo sustentada pela ajuda solidária de  amigos que faziam doações de pequena monta. Agora, nem isso acontece mais.

Procedimento Administrativo também aguarda julgamento

O futuro dos policiais que a despiram na marra também está por ser definido. O procedimento administrativo que recomenda a demissão do condutor da ação, o delegado Eduardo Henrique de Carvalho Filho, está parado no Conselho da Polícia Civil. O relatório  já entrou em votação, mas o processo foi paralisado quando um dos conselheiros pediu vista.

Para o outro delegado que participou da operação, Gustavo Henrique Gonçalves, a pena indicada é de suspensão por 90 dias. Para todos os demais é recomendada a absolvição.

Mesmo que seja aprovada pelos demais conselheiros, a punição só será aplicada se o Secretário de Segurança Pública Antônio Ferreira Pinto assim decidir. Logo depois da chamada Operação Pelada, de posse de todos os detalhes do comportamento de sua equipe de corregedores, Ferreira Pinto cumprimentou os delegados e mandou arquivar um procedimento administrativo instaurado contra eles a pedido da vítima.

A ordem foi prontamente atendida pela então Corregedora-Geral Maria Inês Trefiglio, que perdeu o cargo após a divulgação do caso pelo Blog do Pannunzio e pela Rede Bandeirantes

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