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Geraldo Alckmin, o nome da crise da segurança paulista

“Quem enfrentar a polícia vai levar a pior”.

A frase, em tom de ameaça, é do governador Geraldo Alckmin, em mais um exercício retórico para justificar o injustificável: a crise aberta na segurança de São Paulo pela política de execuções sumárias que equiparou a ROTA, o tal grupo de elite da PM paulista, a um grupo fardado de extermínio.

Comércio fechado, intranquilidade da população, escolas paradas, ônibus incendiados, policiais mortos. Índices que, apesar de descaradamente manipulados, já não conseguem mais ocultar o crescimento vigoroso das estatísticas da criminalidade. Esta é a realidade decorrente da opção do governo pela violência desmedida de seus policiais.

Por tudo isso, fica claro que quem está levando a pior não é a polícia, é a população. É ela que tem sido sacrificada em seus direitos fundamentais, suprimidos pelo pavor e pelo pânico que se espalham e ameaçam todos os segmentos da sociedade. Todos sofrem com isso. A classe média, enclausurada em casa pelos arrastões nos restaurantes, a periferia, sujeita à humilhação do toque de recolher.

Na origem do problema está a execução a sangue-frio de um bandido vinculado ao PCC, morto covardemente depois de torturado na beira erma de uma rodovia após cinco companheiros terem sido abatidos pela ROTA numa chacina que ficou conhecida como “crime do Bar Barracuda”. Foi essa execução sumária, ocorrida há um mês, que despertou a fúria adormecida do PCC, organização que despudoradamente, e a despeito de todas as evidências, o governo paulista nega existir.

É impressionante o esforço das autoridades para maquiar a origem da crise. Esforço que ficou evidente a partir do momento em que a máquina da segurança pública tentou de todas as maneiras “arredondar” o flagrante dos jagunços assassinos da ROTA para evitar a prisão dos pistoleiros fardados — o que só não ocorreu graças à ação determinada do Ministério Público, que impediu a fraude no registro da ocorrência.

É impressionante a desfaçatez com que o mesmo governo trata o sofrimento da população. Enquanto os bandidos matam policiais, incedeiam ônibus e cerceiam o direito de ir-e-vir das pessoas, o comandante do Exército de Brancaleone em que se transformou a polícia paulista se dá ao desplante de abandonar seu QG para ir assistir a um jogo de futebol em Buenos Aires. Mais do que como ironia, a ausência soa como escárnio.

Mas Antônio Ferreira Pinto, o secretário para quem o Corinthians é mais importante do que a guerra travada nas ruas de São Paulo, é apenas uma peça no tabuleiro montado por seu chefe, o governador Geraldo Alckmin. Se há um responsável pelo caos e pela violência disseminados pela truculência da polícia, é Geraldo Alckmin o nome a ser apontado. É ele quem mantém, coonesta e legitima a política do extermínio adotada pela SSP.

Sem ter como responder concretamente ao descontrole nas ruas, Alckmin recorre às bravatas. Com uma polícia acuada pelo crime organizado e vitimizada pela falta de limite ao emprego da força bruta, as bravatas ecoam como cinismo, estupidez em estado bruto.

Quem está levando a pior não são os bandidos. São as pessoas honestas. Alienar-se e perder a racionalidade, aderir incondicionalmente à truculência, não vai salvar São Paulo do crime. Persistir no erro só vai fazer com que a população fique cada vez mais refém de organizações como o PCC.

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