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PT e PSDB: nada a ver com você

Por Francisco Câmpera

Fala-se muito das diferenças dos principais partidos brasileiros, o PT e o PSDB, mas comenta-se pouco sobre as semelhanças. Começa da origem de cada um. Os seus supremos líderes lutaram contra a ditadura militar. Lula liderando as greves das indústrias no ABC e Mário Covas e Franco Montoro, já falecidos, juntos com Fernando Henrique Cardoso marcaram trincheira no PMDB. Lula criou o PT e o trio lançou o PSDB. O projeto de ambos era chegar ao poder.

Os tucanos foram mais ágeis e espertos, os líderes eram mais experientes e pragmáticos. Covas procurou se diferenciar em 1989, quando era candidato à presidente, com o discurso intitulado “Choque do Capitalismo”. O objetivo era conquistar a classe média e afastar a imagem de esquerdista que ele tinha. Lula fez o mesmo com a “Carta Aberta aos brasileiros”, divulgada antes das vitoriosas eleições de 2002.

Os dois partidos tiveram sucesso ao chegar ao topo do poder. FHC consolidou o Real; organizou o Estado ao criar leis como a de Responsabilidade Fiscal; modernizou órgãos vitais como a Receita Federal, cada vez mais eficiente para arrecadar os altos impostos. Apesar das polêmicas privatizações, mais parecidas com doações, a economia ficou mais forte e dinâmica. E por fim criou os programas sociais que depois mudaram de nome no governo Lula, como o Bolsa Família. Lula não ficou para trás, pelo contrário, o sucesso foi ainda maior. Primeiro teve a coragem de dar continuidade à linha econômica, contra tudo o pregava antes, assim como FHC pediu para esquecer o que escreveu. Na área social reduziu a pobreza a tal ponto de ser reconhecido internacionalmente por entidades importantes como a ONU.

Se nos méritos os partidos se diferenciam mais em relação às prioridades, aproximam-se nos vícios do poder. Cada um tem a presunção da verdade e não gostam de ser criticados, algo tão natural e saudável na democracia. Quando isso acontece, costumam atacar a imprensa e instituições que ousam apontar os defeitos.

O pior e que não difere um milímetro um do outro são os financiamentos de campanha. Nisso eles são igualzinhos, idem, cara-metade, espelho, alma gêmea…Basta ver a declaração de doações das campanhas. Os principais financiadores são idênticos, destacando-se os bancos, construtoras, e grandes empresas que têm negócios com o Estado. Vejam que as mega empreiteiras nunca foram colocadas para fora das obras do governo quando explodiram escandâlos, mas a novata Delta logo foi defenestrada. O lastro político dela é menor do que as demais. A cara de pau da CPI do Cachoeira foi tão grande que dono da Delta sequer foi convocado. A CPI malogrou porque bateu à porta de vários partidos.

A semelhança entre o PT e PSDB é tanta que até as maracutaias se parecem. Os programas para salvar os bancos de ambos governos são nebulosos. Os petistas atacaram o Proer de FHC, que gastou bilhões para salvar os bancos.

Agora sob a gestão petista a salvação dos bancos ficou mais sofisticada; está acontecendo por meio do FGC – O Fundo Garantidor de Crédito, sob o argumento que o dinheiro vem de um fundo administrado pelos bancos privados. Assim o Panamericano e outros bancos pequenos e médios foram socorridos pelo fundo, como o Matone, comprado por outro banco; o Original, pertencente ao JBS, que por sua vez recebeu dinheiro do BNDES, para virar líder global no ramo frigorífico. No mercado financeiro afirma-se abertamente que estes bancos não valem nem a metade do valor que foram vendidos com respaldo do FGC e do governo.

Nunca na história deste país” os banqueiros lucraram tanto, portanto, o FGC não iria contrariar os “cabeças” desta solução mágica. Quando os detalhes desta nebulosa história vierem à tona, talvez o PROER vai virar fichinha.

Os petistas respondem pelo mensalão, assim como os tucanos têm o seu em Minas, inexplicável do mesmo jeito. No governo FHC também houve a comprovação da compra de votos para o Congresso aprovar a reeleição. Na época a Folha contou o que aconteceu, numa premiada reportagem do jornalista Fernando Rodrigues, mas o PSDB até hoje não deu explicações convincentes. FHC assim como Lula não sabia de nada.

As alianças dos nobres tucanos sociais-democratas (como gostam de ser chamados) e os revolucionários petistas (eles adoram este rótulo) também são difíceis de convencer. Basta dizer que o PFL velho de guerra e de escândalos continua firme com o PSDB e até o Maluf conseguiu fazer Lula malufar.

Idiotas somos nós que ainda discutimos quem é melhor: petistas ou tucanos. Não se trata apenas do jogo eleitoral para levantar recursos. A questão é grana, o dinheiro não tem partido! Os nobres se aproveitam deste jogo para enriquecer e assim atrasam o progresso do Brasil e promovem a miséria de milhões de pessoas. Com tanta corrupção o país nunca vai se tornar uma verdadeira potência.

Os tucanos e petistas decentes que ainda restam deveriam sim se unir, porque apesar dos defeitos, os dois partidos talvez sejam os menos piores. Separados eles dependem do partidecos de aluguel, de Malufes da vida, e o mostrengo Frankestein do PMDB, sigla que reúne feudos onde ninguém manda e todos querem ganhar. Mas isso parece impossível porque os dois partidos disputam o mesmo espaço de poder. Como se vê, PT e PSDB têm tudo a ver, mas nada a ver com você eleitor.

Francisco Câmpera, jornalista, trabalha na Tv Band

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