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Como bom juiz de futebol, Suplicy dá cartão vermelho para Sarney

O senador petista Eduardo Suplicy (SP) esperou a tarde inteira pelo pronunciamento que faria. O alvo dele era mais uma vez o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Durante o dia, os dois chegaram inclusive a conversar pessoalmente.

Mas como não foi um dos primeiros inscritos do dia, Suplicy teve que se contentar com o encontro prévio. O discurso mesmo foi lido para o terceiro secretário Mão Santa (PMDB-PI), que assumiu a presidência assim que Sarney saiu de fininho, e para os demais parlamentares presentes.

Para ouvir Suplicy, Mão Santa estendeu em uma hora a sessão plenária desta terça. E da tribuna, o petista pediu a renúncia de Sarney. “Não vejo como o senador José Sarney continuar na presidência do Senado Federal enquanto não explicar satisfatoriamente todas as acusações”. Para Suplicy, “como homens públicos, todas as irregularidades e desvios públicos de que somos acusados devem ser investigados com mais rigor do que aquele que é dispensado à população em geral”.

A afirmação se refere às 11 reclamações contra Sarney que  foram arquivadas no Conselho de Ética e que apontam quebra de decoro parlamentar por parte do político. “O país não suporta mais tantas perguntas sem respostas. Mas apesar de vários apelos, o senador Sarney não se dispôs a comparecer ao Conselho de Ética para esclarecer as questões”.

No discurso, Suplicy listou as acusações feitas contra Sarney e as respectivas explicações do presidente da Casa ao longo desses mais de seis meses de crise. Mas, na opinião de Eduardo Suplicy, “o arquivamento das representações não resolveu suficientemente as dúvidas suscitadas”.

Depois de ser interrompido diversas vezes por colegas que ouviam o depoimento, Suplicy ousou. E não deixou barato. De quebra, apresentou um cartão vermelho ao presidente Sarney, como os juízes de futebol fazem. E fez uma analogia à grande paixão nacional dos brasileiros, inconformados com a situação política dos dias de hoje. “Por estas razões, quero transmitir ao senador José Sarney, aos meus colegas de bancada do PT e todos os senadores minha conclusão para voltarmos à normalidade de funcionamento do Senado, o melhor caminho é que Sua Excelência, senador José Sarney, renuncie ao cargo de presidente do Senado”.

A posição de Suplicy já era prevista. Ontem, ele se indispôs com Sarney. O presidente do Senado fazia uma homenagem pelos cem anos de morte do escritor Euclides da Cunha, quando foi interrompido pelo colega. Suplicy, por sua vez, alfinetou o parlamentar pedindo esclarecimentos sobre as denúncias contra o político que possui mais de 50 anos de vida pública.

Como resposta, Sarney afirmou que não se sentia atingido, mas que considerava que Suplicy havia ferido a memória de Euclides da Cunha. “O senhor coloca nesse gesto um gesto que não é da boa educação do senhor e que deve ser motivado por sua paixão política”.

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