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O Rei esnoba os políticos de Brasília e não virá para a festa dos 50 anos da Capital

Brasília vai completar 50 anos no dia 21 de Abril do ano que vem. O governo do Distrito Federal prepara uma festa faustosa para a data. A ideia inicial era ter um palco com popstars do porte de Beyouncé, Paul McCartney ou U-2. A inspiração, a julgar pelos nomes anunciados — mas nunca confirmados — foi a festa de posse de Obama, contratada e custeada com dinheiro amealhado de internautas na campanha presidencial.

Aqui, ao contrário, o regabofe do cinquentenário vai consumir uma bolada de dinheiro público. O orçamento prevê gastos de R$ 20 milhões. Não é apenas dinheiro do pagador de impostos do Distrito Federal. Todo o país participa da vaquinha, já que as finanças do DF são irrigadas com R$ 5 bi por ano de verbas federais carimbadas que se destinam ao Fundo Constitucional de Brasília. Portanto, se você mora no Acre ou no Rio Grande do Sul, vai pagar uma parte da conta.

A ideia, megalomaníaca, casa como uma luva com outra efeméride: as eleições que irão renovar o Executivo nos níveis federal e estadual. Isto leva à suposição de que os R$ 20 milhões previstos para a festança são apenas uma referência inicial abstrata.

Se você não acredita, veja só o que está acontecendo em relação à tentativa de contratar o Rei Roberto Carlos, que faria o show de introdução de Paul McCartney.

O anúncio da pretensão de ter Roberto Carlos no palco do cinquentenário foi feito antes que seus empresários fossem consultados. O vice-governador Paulo Octávio, que tem a chave do cofre na mão e preside a comissão da festança, tem se empenhado pessoalmente na contratação do show em contatos seguidos com o agente do cantor, Dody Sirena.

As ofertas ao cantor partiram de um cachê de R$ 1 milhão — R$ 300 mil a mais do que ele costuma cobrar de empresas privadas em shows corporativos.

Roberto recusou. Foram feitas várias outras propostas. O valor chegou a R$ 2,8 milhões esta semana — quatro vezes mais do que o preço de tabela do Rei. E nem assim Roberto mudou de idéia.

Em sua última recusa, Dody Sirena mandou um lembrete aos organizadores do evento: as contratações pelo Poder Público precisam ser justificadas por pelo menos três contratos anteriores que demonstrem ser correto o valor pago. E ninguém nunca ousou oferecer tanto dinheiro por uma única apresentação dele.

Uma fonte próxima ao cantor assegura que ele não tem nada contra Brasília. O que quer é distância dos políticos e seus negócios suspeitos — suspeitas que decorrem das próprias investidas para tê-lo no palco do cinquentenário.

Prova disse é que o público da Capital  — pelo menos os que têm dinheiro para pagar até R$ 1.200 por um ingresso — vai poder ver Roberto Carlos no próximo dia 16 de Outubro no palco ginásio Nilson Nelson. O show foi facilmente contratado por um empresário local, Marcelo Ulpiano, que há anos tem ótimas relações com as estrelas de primeira grandeza do show business nacional.

O Senado quer pegar uma carona no evento, mas também está tendo dificuldade. A ideia é aproveitar a presença dele na cidade e fazer uma homenagem aos 50 anos de carreira do ídolo. O coral da Casa já está afiando as vozes. Mas os organizadores da homenagem sequer conseguiram fazer contato com os produtores e empresários do cantor.

Roberto é um cara cheio de manias e misticismos. Mas os seguidos insucessos nas tentativas de trazê-lo para o palco da política não podem ser atribuídos às suas superstições nem ao transtorno obsessivo compulsivo ao qual se atribuem suas esquisitices.

O que Roberto Carlos não admite é que a luz de sua estrela seja usada para fazer brilhar gente com que ele não se relaciona, a quem não conhece, em que não confia e de cujas intenções sempre desconfia.

O Rei pode até ser meio louco. Mas burro ninguém pode dizer que ele é.

Ouça Roberto e Caetano abaixo cantando Dois e Dois.

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