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Não vai ter golpe. Talvez nem impeachment constitucional

Vai ter golpe ?

Vai ter golpe ?

Mudou o ânimo no Congresso Nacional em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ninguém mais é capaz de apostar alto no resultado do julgamento político que se avizinha. E os governistas estão mais animados do que os oposicionistas.

Qual o placar hoje ? O Deputado Darcísio Perondi (PMDB/RS), um dos coordenadores da Frente do Impeachment, acaba de tabular um levantamento feito por quarenta parlamentares com os colegas de plenário. Foram encontrados, segundo ele, 346 votos certos a favor do impeachment — apenas quatro além do mínimo necessário para encerrar o governo Dilma.

Ocorre que a cooptação de apoios entre o chamado baixo clero parlamentar não para. A campanha tem tido êxito. Note-se as dificuldade no PMDB para reaver os cargos ocupados por seus quadros no primeiro escalão da República. Acrescente-se a isso a volúpia exercida por promessas de verbas e cargos feitas a parlamentares que antes não passavam da portaria do Palácio do Planalto.

“A Presidente está se desmoralizando”, diz o senador Cristovam Buarque (PPS/DF). “Os deputados que vêm sendo cooptados no varejo vendem, mas não costumam entregar a mercadoria”, diz o experiente senador. Mas a pergunta é inevitável: Porque não entregariam ?

O senador por Brasília desconfia que a tática do governo pode não ter como fulcro a aquisição do voto do parlamentar, e sim a sua ausência no momento da votação em plenário. A rigor, quem tem que conseguir votos é a oposição — e são 342.

Por via das dúvidas, a oposição faz o possível para assegurar os votos contados como certos e a influência de deputados que são formadores de opinião. É o caso de Roberto Freire (PPS/SP), que quase volta para a suplência por causa da chamada janela partidária que se abriu para trocas de legenda entre fevereiro e março. Isso só não aconteceu graças a um arranjo levado a efeito pelo governador Geraldo Alckmin para mantê-lo no Congresso.

Os governistas também ganharam um discurso. Centrar o impeachment na discussão da legalidade apenas das pedaladas fiscais parece bem pouco diante do mar de acusações em que se afoga a política brasileira. Diante da corrupção deslavada, condenar Dilma por ter gerido temerariamente o orçamento parece mesmo golpismo deslavado para uma parte susceptível da opinião pública.

Além disso, há gente nas ruas gritando “não vai ter golpe, vai ter luta!”. A multidão vermelha, ainda que não seja muito numerosa, serve para demonstrar que não existe conexão possível entre quadro atual e aquele que se criou na véspera da deposição de Collor.

 

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