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Pandemia IV – Deu xabu?

Parecia o fim do mundo. Mas o avanço da pandemia de gripe suína provou que não é. Um enorme alarido tomou conta do planeta. A mídia, mal informada, difundiu a informação precipitada de que o virus H1N1 só encontrava paralelo na gripe espanhola, que matou mais de um milhão de pessoas há 90 anos. O avanço lento da epidemia, no entanto, demonstrou que as medidas profiláticas adotadas por governos não justificam o pandemônio que se criou inicialmente.

Autoridades sanitárias do México reviram as estatíticas iniciais. Elas davam conta de uma mortalidade de seis por cento. Ou seja: de cada 15 pessoas que contraíssem o virus, uma fatalmente iria morrer. Isso trazia o risco de morte para dentro da família de cada um de nós. Imagine o que aconteceria no escritório onde você mesmo trabalha. Se há 30 pessoas reunidas na sala, duas estariam inexoravelmente condenadas.

As últimas notícias pintam um quadro bem menos trágico. Nos Estados Unidos, onde hoje há 160 pacientes comprovadamente contaminados pelo virus, houve uma morte. Isso traz o índice de mortalidade para 0,625 % — um décimo do que se alardeava há uma semana. Está dentro dos padrões esperados para qualquer epidemia de gripe, suína ou não. Podemos ir para o fim-de-semana tranquilos, esquecer por enquanto as máscaras no armário e desistir da incursão às farmácias em busca do tal Tamiflu.

Podemos remarcar o churrasco e incluir a carne de porco no cardápio. Ela não transmite a doença. E cumprimentar as pessoas com o mesmo calor de sempre — com dois beijinhos no rosto, apertos de mão e abraços. Temos um bom motivo para comemorar. O mundo não acabou nem vai acabar por causa dessa pandemia. Muita gente vai adoecer, vai ser tratada e vai sarar. E, no ano que vem, vai aparecer uma gripe do gafanhto, da eguinha pocotó ou de qualquer outro animal que nos faça lembrar que a globalização é uma faca de dois gumes. Se, por um lado, aproxima pessoas que vivem em pontos opostos da Terra, também cria uma promíscua integração do DNA das nossas pestes, pragas, medos e micróbios.

Pelo menos por enquanto, podemos constatar que a letalidade de outro fenômeno da globalização é muito pior do que o voraz H1N1. É bem provável que a crise do subprime produza mais vítimas do que a gripe suína.

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