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O jogo de Temer

Michel Temer talvez seja o Presidente que abraçou mais desbragadamente o pragmatismo em toda a história brasileira. Ele tem feito tremendos malabarismos para se manter de pé. É um bom jogador, mas não tem nenhuma preocupação com a imagem que legará para o futuro.

Para se salvar da refrega no TSE, substituiu dois ministros por gente da sua confiança. Os indicados cumpriram a tarefa com denodo.  O preço foi bem alto: a desmoralização da Justiça Eleitoral.

Temer demitiu um ministro da Justiça e contratou outro para cortar as asas da Polícia Federal. Diante da impossibilidade política de demitir também o atual diretor, está matando a PF de inanição. Os que estão na fila do passaporte e não vão viajar bem sabem o que isso significa.

Hélio Gambiarra, senador pelo DF que hoje se encontra no PMDB, teve três apaniguados demitidos sumariamente depois de ajudar a oposição a derrotar a Reforma Trabalhista na comissão de Assuntos Sociais. Temer não tem piedade e sabe usar a espada para decapitar inimigos.

Com Renan Calheiros, foi parecido. O ex-companheiro de bons negócios foi defenestrado da liderança do PMDB porque se travestiu de opositor para salvar o próximo mandato, que está por um fio.

Agora as baterias se voltam para o atual presidente da CCJ da Câmara, Rodrigo Pacheco, um peemedebista que surge como um rebelde autônomo e ameaça nomear alguém independente para relatar a denúncia apresentada pela PGR.

Michel Temer também conseguiu botar na Procuradoria-Geral da República uma inimiga declarada de Rodrigo Janot.  Raquel Dodge ainda há de ser provada no exercício do cargo. Mas só de ter o apoio decidido da família Sarney e do núcleo duro do PMDB,  desperta desconfianças. A expectativa é a de que ela seja um novo Geraldo Brindeiro, que ficou conhecido como o “Engavetador-Geral da República” da era FHC.

Muito mais será feito pelo Presidente no sentido de salvar seus dias de Poder sem povo e sem sentido além de sua própria sobrevivência.

Difícil vai ser Temer tirar de sua frente o que ele mesmo disse a Joesley, o que pediu a Marcelo Odebrecht, as reuiniões com confessos pagadores de propina dessa empreiteira em seu escritório paulista, a indicação de Rocha Loures para carregar suas malas, os registros nas agendas e os compromissos na calada da noite.

Ainda que consiga governar até o último dia, uma parte de Temer morreu quando o dono da JBS contou quem exatamente era ele.

Era aquela que lhe permitia dizer “jamais!”, quando confrontado com a afirmação de que mantinha negócios estranhos com ‘notórios bandidos’ que orbitavam em torno dele e de seu grupo político com tanta desenvoltura.

Gente em postos estratégicos, dá sempre pra remover.

Mas o passado, esse nunca mais será reescrito.

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