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Dilma resiste à pressão e quer usar vitrine ministerial até o último dia

João Domingos

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, candidata do PT à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deve ficar no cargo até o último dia permitido pela legislação, 3 de abril de 2010, apesar da pressão do partido para que antecipe sua saída. Ela quer participar de vistorias e inaugurações de obras, apostar na transferência da popularidade do presidente para tomar um “banho de rua” e aproveitar ao máximo a vitrine ministerial.

O PT ainda insiste para que Dilma deixe o governo em fevereiro, logo após ser aclamada candidata no 4º congresso da legenda, que aprovará as diretrizes de seu programa de governo e reunirá até mesmo convidados internacionais. Será um grande encontro, em Brasília, para marcar a comemoração dos 30 anos do PT.

Lula não concorda com o roteiro traçado pelo partido: acha que Dilma precisa ficar à frente da Casa Civil, comandando o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e projetos estratégicos – como o plano habitacional Minha Casa, Minha Vida – até o prazo-limite fixado pela lei, seis meses antes da eleição de outubro.

Dos 35 ministros, 17 planejam entregar os cargos para fazer campanha, em 2010. Lula quer segurar todos até quando puder. Candidato ao governo do Rio Grande do Sul – Estado onde o PT e o PMDB vivem às turras -, o titular da Justiça, Tarso Genro, é um dos que já pediram para sair em dezembro. Até agora, Lula resiste.

O presidente também tem conversado com Dilma. Ela chegou a admitir a possibilidade de deixar a cadeira antes da hora, para se dedicar à campanha. Lula a dissuadiu da ideia. Alegou que, além de não ver vantagem na estratégia da saída antecipada – já que ela ficaria mais tempo sob bombardeio do PSDB do governador José Serra, também pré-candidato à Presidência -, Dilma é a “capitã do time”.

Na tentativa de impulsionar a candidatura da ministra – praticamente desconhecida pelo eleitorado de baixa renda -, o governo e o PT preparam uma ofensiva de marketing para os próximos dias. “Não há nada que um banho de rua não resolva”, disse Lula, de acordo com relato de interlocutores.

A estratégia é repetir viagens como a que foi feita às obras da transposição do São Francisco, onde a ministra mostrou que ainda precisa de muito ensaio para se aproximar da população com naturalidade. Em Barra, no oeste da Bahia, Dilma ameaçou dar um mergulho no meio da população, mas depois de alguns poucos abraços desistiu.

“MAIS E MELHOR”

Os articuladores da campanha petista apostam que o presidente poderá transferir votos para Dilma se ela conseguir passar ao eleitor a mensagem da continuidade de um governo que termina bem avaliado, aliada à garantia do “mais e melhor”.

Capitaneado pelo próprio Lula, o time de conselheiros da ministra se reúne semanalmente para analisar cenários eleitorais e traçar estratégias. “Foi a solução que encontramos para conversar sobre política, mas é apenas um diálogo entre amigos”, afirmou o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). Integram esse grupo, além de Berzoini, o deputado Antonio Palocci (PT-SP), o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, o ministro de Comunicação Social, Franklin Martins, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o marqueteiro João Santana.

Lula ficou muito irritado com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, para quem “nem o mais cândido dos ingênuos” acredita que a caravana palaciana às obras de transposição do Rio São Francisco, na semana retrasada, tenha sido apenas para uma simples vistoria.

Em conversas reservadas, Lula disse que Mendes adotou postura política, não compatível com seu cargo. Publicamente, ele rebateu as afirmações do magistrado, que viu “campanha antecipada” da chefe da Casa Civil. Não foi só: anunciou que continuará levando Dilma a tiracolo em suas andanças.

Clique aqui para ler a íntegra da notícia no site do Estadão

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