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Retorno de Zelaya à Presidência opõe hondurenhos, diz pesquisa

FABIANO MAISONNAVE

Pesquisa de opinião divulgada anteontem revela que, embora a taxa de aprovação do presidente deposto, Manuel Zelaya, chegue a 67%, a população hondurenha está dividida ao meio sobre a sua restituição.

Segundo levantamento do instituto americano Greenberg Quinlan Rosner, 50% dos hondurenhos rejeitam a volta condicionada de Zelaya, como prevê a proposta que estava em debate até anteontem, quando as negociações foram rompidas. É só um ponto percentual acima do que os que apoiam sua restituição, 49% – empate técnico.
Em decorrência, os hondurenhos também estão divididos sobre um terceiro nome para assumir a Presidência: 50% apoiam e 49% rejeitam a ideia lançada novamente anteontem pelo governo interino, de Roberto Micheletti, mas descartada por Zelaya, que só aceita negociar a sua volta ao Executivo.
O cenário com menor apoio é a permanência de Micheletti: 72% discordam, contra 27% de apoio. E 81% acham que o país está seguindo caminho errado.
Os mesmos números foram mostrados a Zelaya anteontem pelo enviado da OEA (Organização dos Estados Americanos) a Tegucigalpa, o chileno John Biehl. Ele tentou convencê-lo a desistir de voltar ao poder e renunciar junto com Micheletti, mas o presidente deposto voltou a dizer que não aceita.
Mais tarde, em entrevista coletiva, Biehl disse que “pesquisas” revelam o apoio hondurenho à chamada terceria. “Essas pesquisas são sérias, foram realizadas recentemente pela OEA e demonstram um arrasador apoio dos hondurenhos a uma solução negociada”, afirmou.
O instituto de pesquisa informou que a sondagem foi financiada por um membro do Partido Liberal, ao qual pertencem tanto Zelaya quanto Micheletti, mas o nome não foi revelado.
Por outro lado, Micheletti tem ligeira vantagem quando o assunto são as eleições presidenciais de 29 de novembro: 54% considerariam o pleito legítimo mesmo se realizado sob o governo interino, contra 42% que não aceitariam o resultado.
O presidente interino também conseguiu uma avaliação razoável de governo, com 48% de aprovação e 50% de rejeição.
O deposto diz que não reconhecerá as eleições caso não seja restituído. Aliados ameaçam renunciar às candidaturas caso isso não ocorra antes do pleito. Já Micheletti disse que “só uma invasão” poderia deter o pleito.
Zelaya, por sua vez, mostra ter apoio para a sua proposta de convocar Assembleia Constituinte, iniciativa que se tornou o principal argumento para sua deposição: 54% estão a favor. Mesmo a alteração potencialmente mais polêmica, a reeleição presidencial, conta comum respaldo semelhante, de 55%.
Já a deposição de Zelaya como forma de resolver o impasse da Constituinte, em 28 de junho, teve o apoio de apenas 14% dos entrevistados, enquanto 70% preferiam tê-lo visto processado pela Justiça.
O presidente deposto recebe ainda uma boa aceitação: 67% aprovam a sua gestão, que terminaria em janeiro do ano que vem, enquanto 31% a rejeitam.
A pesquisa mostra ainda que o presidente Hugo Chávez, principal aliado internacional de Zelaya, é rejeitado por 83% dos hondurenhos. Apenas 10% têm imagem favorável, e o restante é indiferente. Coincidência ou não, o venezuelano tem evitado falar sobre Honduras nas últimas semanas.
O levantamento revela uma imagem dividida do mandatário americano, Barack Obama: 39% têm uma impressão favorável, com 38% de rejeição.
A pesquisa entrevistou 621 pessoas entre 9 e 13 de outubro, quando Zelaya já estava abrigado na embaixada brasileira. A margem de erro não foi divulgada. O instituto Greenberg Quinlan Rosner tem base em Washington e é citado regularmente pela imprensa dos EUA.

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