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Governistas articulam votação de parecer que defende ingresso da Venezuela ao Mercosul

Gabriela Guerreiro, da Folha Online.

A base aliada governista no Senado vai tentar aprovar nesta quinta-feira na CRE (Comissão de Relações Exteriores) da Casa a adesão da Venezuela ao Mercosul. Nos bastidores, os governistas trabalham para rejeitar o parecer do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), relator da matéria, contrário à adesão da Venezuela no bloco econômico.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), apresentou parecer em separado à comissão no qual defende o ingresso do país no bloco econômico.

Os governistas trabalham para derrotar o parecer de Tasso, com a aprovação do texto de Jucá –que negocia a aprovação de seu voto no plenário do Senado ainda nesta semana se for aprovado na comissão.

Dos 19 titulares da CRE, dez senadores da base governista já sinalizaram estar dispostos a aprovar o parecer de Jucá. Há integrantes da base, porém, que são contrários ao ingresso da Venezuela no Mercosul –como os senadores Fernando Collor de Mello (PTB-AL) e João Ribeiro (PR-TO).

No parecer, Jucá rebate ponto a ponto os argumentos apresentados por Jereissati contra a adesão da Venezuela ao Mercosul. O líder do governo afirma, no texto, que o regime político do país vizinho, comandado por Hugo Chávez, não pode servir de impedimento para que o país ingresse no bloco econômico.

Jucá classifica de “miopia estratégica” da oposição o argumento de que, com Chávez no poder, a Venezuela poderia colocar em risco a democracia na América do Sul.

“Alguns argumentam que o Brasil não deveria permitir que Hugo Chávez ingresse no Mercosul e perturbe o funcionamento do bloco. Outros questionam se o atual regime político da Venezuela é compatível com o compromisso democrático do Mercosul. Quem está aderindo não é o atual governo venezuelano, mas sim a Venezuela, país vizinho com o qual o Brasil sempre manteve boas relações, hoje profundamente adensadas”, afirma.

Segundo Jucá, a Venezuela poderá trazer benefícios econômicos para o Mercosul se tiver o seu ingresso no bloco econômico aprovado pelos senadores.

“A integração com a Venezuela permitiria o equacionamento das necessidades energéticas do Brasil, facilitaria o desenvolvimento da região amazônica, e criaria um corredor de exportação para o Caribe. Sob a ótica da Venezuela, a integração com o Brasil ensejaria a diversificação da sua estrutura produtiva, diminuindo a sua dependência econômica das exportações de petróleo e de parceiros tradicionais”, afirma no parecer.

O líder governista rebate, ainda, o argumento de Tasso de que a Venezuela não respeitou prazos definidos pelo bloco para o seu ingresso no Mercosul.

Antes de votar o relatório de Tasso, a comissão pretende ouvir amanhã o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, opositor de Chávez, para discutir a entrada da Venezuela no Mercosul.

Críticas

Apesar de afirmar que o relatório faz uma decisão “racional e desapaixonada” sobre a adesão da Venezuela ao Mercosul, Tasso acusa Chávez de cometer uma série de atos que ferem a democracia venezuelana –por isso a adesão do país ao bloco econômico poderia trazer danos aos seus países-membros.

O tucano disse que todas as informações do texto foram baseadas em relatórios encaminhados pela OEA (Organização dos Estados Americanos) ao Senado brasileiro.

No relatório, o senador tucano diz que Chávez utilizou instrumentos democráticos para “dominar os Poderes Legislativo e Judiciário”, partindo para controlar a imprensa venezuelana.

Ao negar o pedido da Venezuela de ingresso no Mercosul, Tasso afirma que a principal característica do bloco econômico é a defesa do regime democrático em todos os seus países-membros –o que vem sendo desrespeitado por Chávez.

“A formação do Mercosul era um imperativo e sua argamassa foi e continua sendo a solidariedade, o respeito e a confiança. Para tanto, a paz e a democracia eram e são pressupostos essenciais. […] Nas situações de potenciais conflitos, como procederá o presidente Hugo Chávez? Seu comportamento tem sido considerado, não por poucos analistas e forças políticas do continente, belicoso, provocativo e fomentador de divisões”, afirma Tasso no parecer.

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