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Com Ahmadinejad, Sarney adota discurso de conciliação

Gabriela Guerreiro, da Folha Online.

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), defendeu nesta segunda-feira a paz mundial ao receber em visita oficial o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Ao lado do iraniano, Sarney disse que o Brasil é um país de “conciliação”, e não da violência –por isso assinou tratados para que não haja a produção de armas nucleares na América Latina.

Embora o presidente do Irã tenha defendido publicamente o programa de enriquecimento de urânio no país para produzir energia nuclear com “fins pacíficos”, organismos internacionais especulam que Ahmadinejad tenha como objetivo produzir armas nucleares.

“A cultura da paz está escrita na Constituição, que diz que conflitos devem ser resolvidos pela conciliação, nunca pela violência. É tão forte esse sentimento que, há 30 anos, assinamos tratados que fazem com que a América Latina seja um continente sem armas nucleares”, disse Sarney.

O presidente do Senado lembrou que as armas nucleares são também proibidas para trânsito no Oceano Atlântico, que se tornou uma “zona de paz desmilitarizada”. No discurso de boas-vindas a Ahmadinejad, Sarney disse esperar que o Oriente Médio encontre mecanismos para acabar os conflitos entre judeus e palestinos.

“Esperamos que aquela região possa encontrar mecanismos de resolver os seus conflitos. Esperamos que a criação do Estado palestino possa abrigar esse povo sofrido, vítima diariamente de grande violência”, afirmou Sarney. O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), também pregou a paz no encontro com Ahmadinejad.

O presidente do Irã, por sua vez, também saiu em defesa do povo palestino ao afirmar que a região foi vítima de ações impostas na Segunda Guerra que não têm relação direta com o Estado palestino. Ahmadinejad criticou o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) que, na sua opinião, não conseguiu em 60 anos encontrar soluções para a paz no Oriente Médio.

“Basta olhar para a Palestina, foram apresentados dezenas de planos de paz, por que falhou? Daqui para diante, qualquer plano [de paz] que não se basear na Justiça, vai falhar. Temos que resolver o problema pela raiz, não superficialmente.”

Ahmadinejad criticou o Conselho de Segurança da ONU ao afirmar que o órgão “é contra a paz”. O presidente do Irã, porém, defendeu o ingresso do Brasil no conselho ao afirmar que o órgão precisa ser integrado por países que tenham “visão humana” nas suas decisões –uma vez que o Brasil poderia defender o ingresso do Irã no conselho.

Na opinião do iraniano, o conselho precisa passar por mudanças que incluam o fim do poder de veto dos seus cinco membros permanentes: China, França, EUA, Reino Unido e Rússia.

Críticas

Apesar de Sarney ter defendido a paz, sem a produção de armas nucleares, os parlamentares adotaram o tom da na diplomacia no encontro com Ahmadinejad –que durou cerca de uma hora no Salão Negro do Congresso. Ao contrário do presidente de Israel, Shimon Peres, que discursou no plenário do Senado, o presidente do Irã apenas discursou informalmente para os nove deputados e senadores que acompanharam a rápida reunião de trabalho.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi o único a mencionar que Ahmadinejad possui pensamentos “diferentes” de muitos países do mundo. “A sua presença e suas palavras em tantos lugares do mundo às vezes causam reações. Como aqui temos uma convivência pacífica entre pessoas de todas as origens e crenças, somos solidários ao povo judeu e palestino”, disse o petista.

Ao chegar ao Congresso, Ahmadinejad foi recepcionado com um rápido protesto dos deputados Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) e Zenaldo Coutinho (PSDB-PA) que estenderam faixa com os dizeres: “Holocausto nunca mais” e fizeram um rápido “apitaço” no momento do ingresso do iraniano no Congresso.

Suplicy entregou para Ahmadinejad uma cópia do seu projeto Renda Mínima que tem como objetivo beneficiar a população de baixa renda do país.

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