A renúncia do senador Antonio Carlos Valadares do Conselho de Ética do Senado consolida mais uma derrota do líder do PT, Aloizio Mercadante (PT-SP) para o do PMDB, Renan Calheiros (PMDB-AL).
A candidatura de Valadares foi articulada pelo petista e parecia não encontrar nenhum obstáculo até a tarde desta terça-feira. Ao que tudo indicava, a eleição seria consensual. Por suas ligações pessoais com Sarney e pelas posições austeras que vem sustentando, Valadares parecia o nome certo para ocupar a posição.
Praticamente todos os integrantes do Conselho já se preparavam para a sessão de instalação quando Renan Calheiros ordenou aos governistas que se retirassem para que a orientação fosse rediscutida. Duas horas se passaram, com a oposição em plenário, até que a sessão foi definitiamente cancelada.
Enquanto isso, na liderança do PMDB, Renan se reunia separadamente com Valadares e Paulo Duque, que era seu candidato desde que o Senado passou a ser pressionado para recompor o Conselho.
A engenharia política por trás da indicação de Paulo Duque era melindrosa. A preocupação de Renan era a de que Valadares, melindrado ao ser preterido, pudesse votar alinhado com a oposição. Isso colocaria os governistas numa situação de vantagem estreita — 8 votos contra 7 da oposição. Uma única defecção poderia alterar o placar em favor dos oposicionistas.
Entre assessores de Mercadante, a impressão é a de que a mudança de posição de última hora do PMDB se deve à necessidade imperiosa que ele tem de controlar com mão de ferro o Conselho, já que vai enfrentar uma representação protocolada pelo PSOL.
Mercadante ficou indignado com a manobra de Renan. Neste momento, sozinho na liderança do PT, tenta articular com a bancada do PT e em conversas com líderes da oposição uma saída para o problema.