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Anúncios de estatais somem do site de Paulo Henrique Amorim

Antes, as estatais. Agora, o Submarino

Apesar de se recusarem a dizer quanto pagam a Paulo Henrique Amorim, há duas semanas as estatais que sustentavam o blog Conversa Afiada não veiculam um banner sequer no site do apresentador da TV do bispo Edir Macedo. No lugar antes ocupado pelas mensagens comerciais das empresas públicas, agora aparece apenas um banner do site Submarino. Esse é um tipo de publicidade de adesão voluntária, que pode ser veiculada por qualquer página eletrônica, e só gera receita por comissionamento quando promove vendas para o anunciante. As comissões variam de 2% a 4%.

Com seu discurso governista, PHA ganhou acesso fácil às verbas distribuídas por critérios políticos. Anúncios dos Correios, Caixa Econômica Federal e do governo do Rio Grande do Sul geraram um faturamento de pelo menos  R$ 980 mil desde o ano passado. É um resultado exorbitante para um meio considerado ainda marginal na elaboração dos planos de mídia das agências de publicidade, que, no caso das estatais brasileiras, responde por entre 2% a 4% dos investimentos totais em propaganda.

Paulo Henrique Amorim não revela quem são nem quanto recebe de seus patrocinadores formais. No curso do processo que lhe move o senador Heráclito Fortes, no entanto, o blogueiro declarou uma renda de R$ 120 mil mensais para evitar a quebra de seu sigilo bancário. A título de comparação, o maior sucesso da história do Youtube, o vídeo  “Charlie Bit My Finger”, que teve quase meio bilhão de acessos desde 2007, gerou uma receita de apenas R$ 280 mil (leia reportagem sobre isso na Folha de São Paulo).

A audiência do Conversa Afiada também é controversa. Embora declare ter sete milhões de acessos por mês, PHA publicou num post recente, em que se jactava do aumento de audiência proporcionado pelas injúrias raciais proferidas contra o jornalista Heraldo Pereira, que recebe 42 mil visitas por dia — o que corresponderia a não mais do que 1,26 milhão de visitas mensais. Com os números assumidos por seu editor, o Conversa Afiada levaria 30 anos e dez meses para gerar receita equivalente à do campeão de exibições do Youtube — caso os critérios de remuneração seguissem apenas a lógica desse mercado.

A desproporção dos patrocínio amealhados por PHA, em sua condição privilegiada de chefe da claque governista na internet, fica evidenciada também dentro do universo dos autoproclamados blogues progressistas. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, gastou três vezes mais dinheiro com o jornalista da Record do que com a soma de todas as verbas destinadas a outras páginas eletrônicas desde o ano passado (veja post sobre isso aqui). As informações foram prestadas pela Assessoria de Comunicação Social da CEF.

O faturamento do Conversa Afiada é tratado como segredo de Estado por dois anunciantes frequentes — o Banco do Brasil e a PETROBRAS. Para manter esse segredo e proteger o blogueiro, as estatais recalcitrantes desconhecem a nova Lei da Transparência, de novembro do ano passado, que obriga órgãos e empresas controladas pelo governo — sociedades de economia mista inclusive — a dar publicidade a esse tipo de informação. Dentro de 45 dias, quando estiver em pleno vigor, a Lei 12.527 punirá severamente gestores que se recusarem a fornecer os dados a qualquer pessoa que os solicite. As sanções vão da simples advertência à demissão e proibição de contratar com o serviço público.

O Blog do Pannunzio não veicula publicidade nem é candidato a nenhuma forma de patrocínio das empresas aqui mencionadas.

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