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Blogueiro governista da BESTA.CU será estrela de evento contra a liberdade de expressão da BESTA.BR

A BESTA realiza seu terceiro encontro entre os dias 25 e 27 próximos. A claque governista na internet quer reunir 400 blogueiros, mas até agora não conseguiu juntar 300 inscritos. E isso apesar de todas as despesas da claque estarem pagas por “patrocinadores” para que os BESTAS tenham um fim-de-semana de boca-livre em Salvador, Bahia.

A organização do evento tentou porque tentou levar alguém sério para patrocinar a defesa da volta da censura e da esculhambação geral no ambiente da internet, mas não conseguiu. O primeiro  a se esquivar foi o ministro Ayres Britto, presidente do STF. Ele recusou porque se sentiu constrangido por Paulo Henrique Amorim, que pediu audiência para convidá-lo e levou junto seu advogado para falar dos processos que correm contra o cliente na Corte Constitucional. A história, negada em coro pela Blogosfera Estatal, está contada no post Constrangido por Paulo Henrique Amorim, Ayres Britto recusa convite para abrir encontro da BESTA, publicado pelo Blog do Pannunzio um mês e dez dias atrás.

Agora, a principal atração será a presença do blogueiro governista cubano Iroel Sánchez, uma espécie de anverso de Yoani Sanchez. Além do sobrenome (em Cuba, Sanchez é tão popular quanto Silva no Brasil), os dois não tem nada em comum. A começar pelo fato de que um luta para legitimar a férrea censura imposta por Fidel Castro à imprensa em seu país, enquanto a outra se utiliza da internet como arma contra a mais longa ditadura do planeta.

Sanchez (Iroel, não Yoani) faz parte de uma rede chamada Cubadebate, a BESTA de lá. O papel central dos blogueiros aliciados pelo regime é contrapor-se aos cubano-americanos que usam a internet para atacar os irmãos Castro.

Iroel é engenheiro e jornalista. É um dos poucos nativos da ilha que escrevem o que querem — porque só fala bem do governo, exatamente com o congênere brasileiro da BESTA. Ele é um dos integrantes de um coletivo de blogueiros que organizou um encontro recente em que penas alugadas para a ditadura foram discutir a importância da internet num país que, a rigor, não tem internet.

Não tem porque o governo não quer que as pessoas saibam o que se passa dentro dos limites da própria ilha, como bem ressaltou Yoani numa entrevista concedida ao Blog do Pannunzio em Janeiro último em Havana. A censura, de acordo com a blogueira, impede que se noticie até mesmo  fatos comezinhos como o desmoronamento de casarões por falta de manutenção.

Iroel, que publica o blog La Pupilla Insomne, define assim o papel da BESTA cubana: “un espacio de participación horizontal en el proyecto político cubano, asumiendo nuestro rol de blogueros como un deber cívico, portadores de ideas antimperialistas y consecuentes con un pensamiento revolucionario”.  Ou seja: não bastasse o Granma, único panfleto noticioso que o governo permite circular em Cuba, agora ele e seus pares querem transformar a internet em ferramenta auxiliar para a justificação do regime.

É uma estratégia temerária. Para começar, a internet em Cuba só pode ser acessada nos saguões dos grandes hotéis ao custo mínimo de oito dólares por hora. Isso corresponde a um terço do salário pago aos trabalhadores da ilha caribenha, que recebem, em média, cerca de US$ 25 por mês. Não há conexão domiciliar, tampouco 3G ou wifi abertos. Até os torpedos são objeto de monitoramento oficial. Não raro, as redes de celular entram em colapso provocado para evitar a dispersão de informações que não interessam ao Comitê Central do Partido Comunista Cubano.

A aberrante situação tecnológica de Cuba, toda ela induzida pelo medo do despertar da opinião pública, faz com que personalidades proeminentes em todo o planeta  sejam completamente desconhecidas em Cuba. É o caso da própria Yoani, que ninguém em Havana, salvo os arapongas que a monitoram, sabe quem é. Yoani se autodefine como uma “não pessoa”, proscrita que está da seara política e institucional de seu próprio País — e a despeito de ser o rosto cubano mais conhecido hoje em todo o planeta.

Em janeiro, na véspera da visita da presidente Dilma Rousseff a Havana, Yoani foi proibida, pela trigésima vez, de sair de Cuba. A negativa veio a propósito de um convite que ela recebeu para participar do lançamento de um filme no Brasil. Só isso já bastaria para definir quem é Iroel Sánchez que, ao que consta, não teve a menor dificuldade para obter a permissão de saída. E não teve porque o governo local sabe bem o  que ele vem fazer por estas plagas: propaganda do regime castrista para a BESTA brasileira.

Para quem quer conhecer melhor como funciona o cerceamento à liberdade em Cuba, vale a pena assistir à reportagem que produzi para o Jornal da Band há três meses, quando estive em Havana para cobrir a visita da presidente brasileira àquele país. Basta clicar no botão abaixo.

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