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PCC apavora Zona Leste de SP. Escolas e comércio baixaram as portas. Segurança tucana continua um lixo

Milhares de alunos sem aulas, professores apavorados, pais em desespero, comerciantes fechando as lojas. É o que está acontecendo desde ontem em Cidade Tiradentes, um dos bairros mais pobres e populosos da Zona Leste de São Paulo.

A onda de pânico foi deflagrada pelo Primeiro Comando da Capital, o PCC, em represália às execuções levadas a efeito por bandidos fardados da ROTA na noite da última segunda-feira. Seis pessoas foram mortas supostamente por resistir à abordagem das equipes da PM. A polícia informou que o grupo era formado por 14 integrantes do PCC que estariam discutindo o resgate de um preso de um presídio paulista.

Os PMs chegaram a informar as seis mortes antes que pelo menos uma delas tivesse acontecido. Um dos suspeitos, no entanto, foi colocado no camburão de uma viatura e levado até um local ermo, onde foi executado. A execução foi testemunhada por uma mulher, que chegou a gravar a cena na camera de seu celular. Como o arquivo não foi salvo, o telefone foi apreendido para ser periciado.

A testemunha ligou para o COPOM para denunciar a execução. O som dos tiros é claro na gravação do telefonema. Em seguida, o morto foi levado novamente para o carro da polícia e seu corpo foi transportado até  o bar em que os suspeitos foram abordados.

PCC promove retaliação aterrorizando a população

Doze horas depois da chacina, bandidos ligados ao PCC decretaram toque de recolher em vários bairros da Zona Leste. Em Cidade Tiradentes, os alunos foram dispensados das últimas aulas da tarde. O “partido” prometia promover atentados contra alvos policiais e também a população civil.

Hoje pela manhã as ameaças foram reiteradas. Em função disso, os alunos foram liberados mais cedo. Na Escola Estadual Fernando Pessoa as aulas foram interrompidas às 11h30. Os professores do turno da manhã saíram apressadamente. A escola permaneceu sem atividades no turno da tarde. Alunos e professores não apareceram. Muitos pais, desesperados, tiveram que faltar ao trabalho por não terem com quem deixar seus filhos.

O comércio, da mesma forma, se acautelou. Lojas baixaram as portas. Os funcionários foram dispensados. Os comerciantes reclamam do prejuízo decorrente da paralisação dos negócios.

A SSP e a tolerância às ações violentas

A população atribui a culpa pelo clima de pavor ao governador Geraldo Alckmin, cujo governo tem sido marcado pela tolerância à truculência da PM e pela proteção a policiais que desconhecem limites para sua atuação. A política de segurança, gerida pelo secretário Antônio Ferreira Pinto, tem se pautado pela permissividade para com a violência policial e até a proteção a assassinos que ostentam a farda da PM.

O caso desta segunda-feira é apenas mais um a ilustrar estatísticas pavorosas. Somente este ano, quase 200 pessoas foram executadas ou feridas pela PM em ações registradas como “resistência seguida de morte ou lesões corporais”. O GECEP — Grupo Externo de Controle da Atividade Policial do Ministério Público paulista –, desconfiado da manipulação das estatísticas da criminalidade, criou um banco de dados próprio e passou a investigar os assassinatos cometidos por PMs. Os números são aterradores.

Enquanto a fiscalização recrudesce, as afrontas não cessam. Ontem à tarde, mais de 20 viaturas da ROTA cercaram o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil de São Paulo enquanto era lavrado o flagrante contra os assassinos da corporação. A pressão não surtiu efeito graças à presença dos procuradores.

A ação dos comandantes para dar proteção a soldados e oficiais delinquentes é visível. Prova disso é o engavetamento dos Relatórios de Inteligência produzidos pelo DHPP com informações comprometedoras sobre várias ações violentas. Os chamados RELINTs apontavam o envolvimento de policiais com traficantes, execuções levadas a efeito por ordem do PCC e até a montagem de farsas como o atentado ao prédio da corporação ocorrido em 2009. Foram engavetados por ordem direta do secretário Antônio Ferreira Pinto. Os autores de vários crimes permanecem nas ruas, armados, sem que nada os tenha molestado apesar da gravidade das denúncias.

A permanência de Ferreira Pinto à frente da segurança pública é um mistério. Durante sua gestão, ele centralizou em seu gabinete a correição da polícia civil, mas deixou os crimes da PM a cargo da Corregedoria da corporação. A diferença no tratamento dispensado às duas polícias (civil e militar) provocou uma crise sem precedentes.

Ferreira Pinto também foi o responsável pelo engavetamento do primeiro procedimento administrativo instaurado contra os delegados que conduziram a desastrada Operação Pelada. Eles despiram à força uma escrivã acusada de concussão. O caso só veio à tona depois que o Blog do Pannunzio e a Rede Bandeirantes divulgaram imagens da cena insólita com as humilhações e as sevícias impostas à escrivã.

Ferreira Pinto mandou chamar os delegados a seu gabinete e os cumprimentou pela operação.

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