Ele está ocupando a tribuna do Senado há mais de meia hora. Estou tentando prestar atenção ao que elenestá dizendo, mas ainda não consegui entender qual o tema do discurso. É Mão Santa, senador pelo Piauí, o rei do pinga-fogo, celebridade da TV Senado.
Mão Santa já falou sobre campos de pouso, brocas de dentista, citou meia dúzia de clássicos, acusou Lula de mentiroso… Enfim, uma salada mista difícil de entender.
Agora há pouco ele perguntou ao senador Cristovam Buarque se ele já havia apanhado de cinto. A partir daí, lembrou que antigamente, lá em seu “Pi-Auí” as brocas dos dentistas eram tocadas por um instrumento a pedal. “Não havia anestésico”, revelou ele, que tomou uma coça do pai por ter — aparentemente, uma vez que não completou a frase — faltado à uma sessão de tortura numa dessas cadeiras de dentista com broca de pedal.
O petista João Pedro, que está presidindo a sessão, foi obrigado a interrompê-lo. “Preciso que Vossa Excelência me dê um minuto para prorrogar a sessão por mais uma hora”, disse João Pedro. “Até porque eu sei que o Sr. não vai parar nos cinco minutos que lhe restam”, completou.
Mão Santa é o orador mais frequente na tribuna. Fala todo dia, mas capricha mais nas segundas e sextas, quando não há concorrentes para ocupar os microfones, e fica fazendo discurso o tempo todo.
Ele acaba de “aprimorar” um ditado popular. “No meu Pi-Auí a gente mata a cobra e mostra o pau e a cobra”.
Espetacular esse Mão Santa.