Pannunzio Comunicação – Blog do Pannunzio

Em busca do aquecimento XII – O fim do ambientalismo?

Passados já alguns dias do Rio +20, é hora de começar a fazer uma reflexão mais racional sobre o que está ocorrendo no plano da articulação do ambientalismo, movimento global que mescla preocupações ambientais com engajamento político.

É fato que nada se avançou naquilo que o movimento ambientalista considerava mais importante — a criação de ferramentas estruturais para enfrentar a hipótese científica sobre a qual este ideologicamente se assenta, a do aquecimento antrópico.

Nada do que se esperava aconteceu. As duas derrotas mais importantes se materializaram na decisão de não criar um fundo de US$ 30 bilhões para subsidiar a nova economia verde e na de legitimar o PNUMA, evitando a criação de uma agência nos moldes da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). Isso possibilitaria ao organismo intervir diretamente na soberania econômica das Nações abrigadas sob seu guarda-chuva.

E por que não houve soluções estruturais ?

A resposta é simples e está fudamentada no axioma do próprio movimento ambientalista: não há nenhuma evidência de que a temperatura da superfície terrestre esteja se aquecendo. Há 15 anos as temperaturas observadas por sensores terrestres e também por satélites não se elevam, a despeito da elevação constante da concentração de CO2.

De acordo com os modelos engendrados por climatologistas ligados ao Painel Intergovernamental do Clima (IPCC), isso não deveria estar ocorrendo. Ao contrário: com mais gás carbônico disperso na atmosfera, seria impossível que o planeta estivesse, neste momento, passando por um resfriamento, como demonstram claramente as amostras coletadas pelas diversas sondas e estações meteorológicas.

Há algo errado com os modelos ? É claro e cristalino que sim. Já houve tempo suficiente para que os cientistas iniciassem uma revisão de seus conceitos. Mas, salvo iniciativas isoladas como a autocrítica do pai da Hipótese de Gaya, James Lovelock, nada indica que haja uma reflexão severa acerca dos erros que têm sido sustentados pela vertente científica do ambientalismo.

A partir de agora, a se confirmarem as previsões dos céticos e a persistirem os dados que emanam dos termômetros e marégrafos, o que vai mudar é o eixo ideológico que embala o ambientalismo. Sem argumentos de natureza científica, o movimento terá como base filosófica apenas a crença cega em algo que efetivamente não se confirma.

O que ocorre quando a ciência nega razão a uma causa ?  Quase nada, dirão so crédulos. É só voltar os olhos para a História para ver como reage a humanidade em situações análogas.

500 anos atrás, quando Nicolau Copérnico e Galileu Galilei derrubaram o geocentrismo, a “ciência” de Aristóteles e Ptolomeu foi suplantada, mas não a religião católica, que lhe emprestava a legitimidade divina e dela se nutria para impor-se como dogma. Foi-se o fundamento, restou a fé, que sobrevive até hoje. E, se você quiser mais argumentos, observe que o criacionismo, a despeito de todas as suas inverossimilhanças, ainda é uma hipótese aceita e comungada por boa parte da população do planeta.

Órfão de uma boa evidência científica, o ambientalismo deve sobreviver como ideologia. É o que vai restar aos militantes do movimento por um planeta menos poluído, mais humano e justo. São causas muito boas que independem de fundamentação científica para existir.

Talvez a morte do Solitário Jorge, último macho da espécie das tartarugas gigantes das Ilhas Galápagos, tenha mais a dizer sobre o que estamos fazendo ao nosso planetinha azul do que todas as amostras fraudadas pelos aquecimentistas da Universidade de East Anglia em seu esforço para manter vivo o aquecimento antrópico.

Que mundo é este em que espécie que ganharam o jogo da evolução ao longo de milhões de anos já não encontram espaço para seguir existindo ? E há centenas de espécies sob o risco severo de extinção, que vão sendo rapidamente eliminadas da superfície em razão da sanha transformadora da espécie humana. Quer um bom motivo para lutar por regras ambientais mais severas do que este ?

A necessidade de conter a voracidade humana criou os fundamentos do Direito, inventou o Estado e, antes disso tudo, a religião, assim que o Homem passou a acumular alimentos há cerca de dez mil anos. A constatação de que estamos reféns do nosso próprio sentido de transformação do habitat planetário talvez seja o maior legado do ambientalismo militante — e nao é pouco importante.

A partir dele, talvez estejamos dando os primeiros passos para construir uma nova ética planetária em que o foco esteja sobre o que realmente importa: a conservação ambiental.

Ambientalismo e conservacionismo são duas correntes gêmeas. Ocorre que o primeiro conceito elegeu como inimigo o alvo errado — o gás carbônico. E ele não é, efetivamente, o problema a ser enfrentado, como está sobejamente demonstrado.

Há implicações políticas muito importantes e significativas entre essas duas palavrinhas. Reduzir emissões de CO2, como quer o ambientalismo,  significa colocar uma trava no desenvolvimento do planeta. Para reduzir emissões, com a tecnologia dos dias presentes, teríamos que desligar as indústrias da tomada, eliminar empregos e condenar os pobres à pobreza. E tudo isso para nada, uma vez que é o calor da atmosfera que determina a concentração de CO2 no ar, e não o contrário.

Não se promove uma melhora das condições ambientais sem dar combate às condições de pobreza abjeta em que ainda vive a maior parte da população da Terra. É o desnível social e econômico entre a Inglaterra e a Índia que faz com que o Rio Tâmisa corra limpo da nascente à foz enquanto o Ganges permanece como uma enorme vala negra a céu aberto.

Entre o lixão de Gramacho e os aterros sanitários da Holanda há um fosso enrome de desigualdades. O verdadeiro ganho ecológico, portanto, só se dará quando se superar a miséria renitente no Hemisfério Sul, tarefa da qual a humanidade poderia imbuir-se principalmente por respeito ao próprio ser humano, que sobrevive em condições tão diferentes dependendo da latitude do globo onde nasceu. E não se resolve isso vendendo-se indulgências sob a forma de créditos de carbono.

Quando os ambientalistas entenderem que o problema não é o pum dos bois e vacas, e sim a fermentação anaeróbica do lixo que apodrece in natura na periferia das metrópoles, aí terá sido aberto o caminho para a elaboração do Código de Hamurabi da ecologia. Antes, no entanto, será necessário convencer quem já come trigo e filé mignon de que o problema não é a produção em escala de comida pelo agronegócio, e sim a falta dela, que mata o homem e vandaliza o meio-ambiente.

Mas o falso dilema entre sustentabilidade e desenvolvimento, que vem sendo defendido pelos ambientalistas, coloca um entrave nessa discussão. Ainda vai levar muito tempo até que os fundamentalistas do clima entendam que estão errados, falharam em suas previsões e estão lutando por uma causa que não encontra justificativa em seus próprios axiomas.

A solução, se é que verdadeiramente é o que está sendo buscado, não é aparelhar a ciência para produzir resultados políticos. É fazer a política curvar-se às evidências de que para tratar bem o planeta será preciso cuidar bem dos homens.

Conservar, além de mais eficiente, é mais honesto do que assustar a humanidade com os pressupostos milenaristas do ambientalismo catastrófico.

Share the Post:

Join Our Newsletter