A oposição conquistou sua última chance de negociar a presidência da CPI da PETROBRAS. O governo, como já se previa, não conseguiu votar a MP-452, a chamada MP da devastação. A última oportunidade para que o Fundo Soberano não desapareça — e com ele também o “contrabando” que libera reformas de rodoviais de licença ambiental — é esta quinta-feira.
Tradicionalmente, a não ser em casos excepcionais, nada sério se vota numa quinta-feira. Boa parte dos senadores já está com a passagem marcada e deixa Brasília no começo da tarde. E o projeto de conversão derivado dessa medida provisória precisa de todo mundo no plenário para ser aprovado.
A MP-452 não foi votada graças a um processo de obstrução seletivo da oposição. Tucanos e democratas, unidos pela intransigência do governo, obstruiram a pauta, permitindo apenas a votação de três outras MPs que estavam programadas. Deram até um forcinha aos líderes governistas, o que ajudou a desanuviar o clima pesado que pairava sobre a casa nos últimos dias.
O que a oposição pede em troca de seus votos é o cargo de presidente da CPI. O presidente Lula, por enquanto, não admite. Mandou brecar as negociações e repreendeu os senadores aliados que se empenhavam por ela.
Cito outra vez Renato Casagrande, que num post anterior alertava para o “tiro no pé” representado pela radicalização do Planalto. Ele dizia ontem que mais vale um acordo ruim do que uma briga boa. Estava certo.
A MP-452 vai caducar dia primeiro de junho. Se não for votada amanhã, já era. A teimosia palaciana aumentou a cacife político da oposição. Com pressa e sem muita municação, o governo está numa sinuca de bico, para usar um bordão bem ilustrativo.
Agora, ou dá, ou desce.