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O Aerotrem, a maconha e o primeiro golpe baixo da campanha

Soninha Francine foi a primeira vítima de um golpe baixo nesta campanha recém-começada. Foi desferido justamente pelo candidato profissional Levy Fidélix, aquele do Aerotrem. Ao defender com clareza a descriminalização da maconha, foi criticada por supostamente fazer “apologia” do uso de drogas.

Não houve apologia coisa nenhuma. O que a candidata do PPS fez foi manifestar sua opinião de maneira coerente e corajosa, dentro dos limites do que o Supremo Tribunal Federal estabeleceu ao entender as marchas da maconha como um direito afeto à cidadania, circunscrito à liberdade de manifestação.

O Blog do Pannunzio defende a mesma posição. É preciso parar a hipocrisia segundo a qual usuários de drogas precisam ser tratados com cadeia. Se esta fosse a solução, o problema já teria sido sido resolvido em países como os Estados Unidos, cuja bilionária máquina repressiva não consegue impedir a venda e o consumo de drogas em qualquer esquina.

O fato é que o ambiente da campanha não favorece a sinceridade e a coerência quando temas-tabus são colocados na pauta de discussão e se transformam em fatos eleitorais. Candidatos costumam mudar até sua crença ou descrença em Deus, prometer o que não pretendem cumprir e a afirmar o que não pensam. Aí estão exemplos recentes: Fernando Henrique Cardoso, ateu de carteirinha, passou a dizer que acredita em Deus para se salvar da fogueira dos carolas. Dilma Rousseff decidiu condenar o aborto. E Lula, nunca é tarde lembrar, se elegeu sob a promessa de moralizar a política e acabar com a corrupção. Na política, o relativismo e a plasticidade são impressionantes. E isso desfavorece gente que tem as qualidade de Soninha Francine.

A exploração desse tema pela má-fé e pelo preconceito pode realmente criar embaraços para a candidata do PPS. O País ainda prefere acreditar na retórica dos falastrões a encarar suas próprias mazelas. Apesar disso, Soninha já cumpriu um papel fudamental: o de trazer para a luz a discussão do assunto.

Passou da hora de descriminalizar  o uso, a produção para o consumo individual e a comercialização da maconha. O que não é possível é ficar impassível diante da fogueira inquisitória que se pretende armar por quem, superando a espiral do silêncio, contribuiu com suas opiniões para um debate necessário.

 

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