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Chupa, PT!

O Partido dos Trabalhadores, em seu passado remoto, já encarnou a esperança de moralização da política. Quem não se lembra da CPI da Corrupção do governo FHC, das inúmeras denúncias contra governantes e partidos adversários, da atuação cidadã de gente como José Genoíno, dos vazamentos seletivos durante as CPIS ? Dava gosto ver aqueles jovens egressos do sindicalismo, dos movimentos sociais, atuando em Brasília.

Hoje, à luz do que jorra do STF, o que se percebe é um enorme logro. Da mesma natureza do que um certo Demóstenes Torres protagonizou recentemente. Mas em proporções gigantescas. O que o PT fez assim que assumiu o poder, que agora vai sendo assentado como sentença condenatória, foi criar um grupo com expertise em corromper, ser corrompido, tungar dinheiro de empresas públicas, aliciar malfeitores na iniciativa privada e subornar parlamentares. Uma máquina de desviar dinheiro público.

Metaforicamente, pode-se dizer sem compaixão que o PT é o Demóstenes Torres dos partidos.

Mas não foi só isso. O partido também tentou forjar uma nova cultura — aquela segundo a qual roubar do erário para alimentar seu voo político não é crime, é virtude.

No ambiente degenerado dessa nova cultura, parecia normal um presidente da Câmara Federal, terceiro na linha sucessória, receber propina para contratar fornecedores de serviços; mandar a mulher ao banco para botar a mão no bereré; apoderar-se do esforço coletivo traduzido em impostos para saciar a índole corrupta de congressistas safados; a privatização despudorada da atividade política em benefício dos aliados de ocasião amealhados no varejo da baixa política.

Foi o que se ouviu ao longo dos sete anos que transcorreram entre a denúncia e a sentença: o Mensalão não existiu, o Mensalão está por provar-se, o Mensalão é uma invenção da mídia golpista para derrubar Lula.

O produto dessa cultura está aí para quem quiser ver. Obras paradas, ameaçadas pelo que contêm de desvios. Escândalos recorrentes que paralisam a máquina. Gente doente sem médico e hospital. Estradas esburacadas que produzem meia centena de milhar de mortos a cada ano. Os tiriricas da vida, que desonram e desabonam a política. E eleitores venais, tanto quanto os políticos que elegem, que tentam se apropriar de um naco do butim em troca do voto consagrador.A reeleição de gente como o sentenciado João Paulo Cunha, que teve o desplante de aceitar a condição de candidato na iminência de ser condenado pela Corte Constitucional.

Vai levar duas gerações para que o estrago moral produzido por Lula e seus companheiros possa ser mitigado por práticas limpas. Ao desinformado que vota, o que acontece agora em Brasília só vai ser integralmente compreendido daqui a muito tempo — talvez por seu filho ou neto. E sempre haverá os asseclas dos ladrões que vão continuar bradando que tudo não passou de uma conspiração burguesa para criminalizar o primeiro governo realmente democrático da história deste país, uma miragem fruto da paranoia coletiva burguesa contra o projeto sacrossanto de apropriação do Brasil pelo crime organizado.

Tomem-se como exemplos as intervenções de um Cândido Vaccarezza e os coices da BESTA, os blogues pagos com dinheiro do contribuinte para disseminar a lassidão moral e ética do potentado de Lula.

Não se diga que o que está afirmado aqui é generalização. No corpo do processo, há centenas de testemunhas ilustres cuja função partidária era confundir os julgadores com argumentos que sabe-se falaciosos. Gente ilustre que assinou termo de depoimento jurando que José Genoíno não tratava das finanças do partido que presidia; que José Dirceu não mandava no PT depois de assumir a Casa Civil; e que não houve os tais ‘atos de ofício’, ou a prova inconteste do efeito da propina em atos com a assinatura dos gatunos.

O PT merece a sentença. Porque o saco de gatunos em que se transformou tentou legititimar o roubo, conspurcar a consciência do parlamento, fraudar a legitimidade da representação política. Não era apenas a atuação voluntariosa dos clandestinos da institucionalidade investidos de cargos no primeiro escalão da República. Era um esquema orgânico, hierarquizado, que abusou da máquina em nome de uma causa absolutamente reprovável, como agora se reconhece.

Por tudo isso, talvez não haja expressão mais adequada para comemorar as condenações do que a sugerida pelo leitor Pedro Paulo:

“Chupa, PT!”

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