GUSTAVO PATU e DENISE MENCHEN
O Brasil parou de empobrecer, embora continue mais pobre do que no ano passado. Como se esperava no governo e no mercado, o país deixou para trás a recessão, mas os investimentos, necessários para a expansão mais duradoura da produção e da renda, ainda não se recuperaram da crise global.
Pela primeira vez neste ano, o IBGE divulgou ontem resultado positivo para o PIB. De abril a junho, a economia brasileira cresceu 1,9% na comparação com o período de janeiro a março, graças à recuperação da indústria e a mais um aumento das compras à vista e a prazo.
Os dois anúncios anteriores de resultados trimestrais haviam mostrado queda do PIB, o que, por uma convenção adotada informalmente em todo o mundo, significa recessão.
Em circunstâncias normais, a taxa do segundo trimestre significaria um crescimento vigoroso: no segundo mandato do presidente Lula, ela só foi igualada uma vez, no final de 2007. A diferença é que, na época, vivia-se o nono trimestre seguido de expansão; agora, a alta se dá sobre momento de estagnação.
Se comparado com o mesmo período do ano passado, o segundo trimestre mostra uma queda de 1,2% na renda nacional. É, exatamente, a projeção captada pelo Banco Central na semana passada, em pesquisa com analistas de mercado, bem melhor que a queda de 1,7% estimada há apenas três meses -o que ajuda a explicar a comemoração do governo ontem.
Os novos números do IBGE encorajam o discurso e a esperança governista de que o país fechará o ano com um resultado acima de zero, embora não muito.
Pelas expectativas gerais, há boas chances de a economia do país ter um segundo semestre 1,4% melhor que o de 2008, o mínimo necessário para evitar o sinal de negativo nas estatísticas anuais. Conforme a Folha noticiou ontem, os resultados do terceiro trimestre são considerados favoráveis por economistas e entidades da indústria e do comércio.
Mais difícil será chegar ao crescimento anual de 1% prometido pelo ministro Guido Mantega (Fazenda), que demandaria uma expansão de pelo menos 3,4% no segundo semestre. Mesmo nessa mais otimista das previsões apresentadas até agora, o resultado seria o pior da década.
De pé, por ora, está a tese governista de que o país seria um dos primeiros a sair da crise -embora não “o primeiro”, como chegou a constar da propaganda presidencial. Potências como Japão, Alemanha e França tiveram crescimento no segundo trimestre; emergentes como China e Índia não tiveram recessão.
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