Renan Calheiros (PMDB-AL) não se cansou de acusar Arthur Virgílio (PSDB-AM) por manter em seu gabinete um funcionário fantasma que estudou por 18 meses no exterior sem deixar de receber pelo Senado.
Mas agora, a situação se inverteu. O feitiço praticamente virou contra o feiticeiro. E Renan, que cobrava ética e moral parlamentar, agora tem que se explicar sobre a manutenção do cargo de um funcionário que não deixou de receber salários enquanto estudava inglês na Austrália.
O peemedebista se recusa a responder às perguntas feitas por este Blog. Rui Palmeira, o ex-funcionário e atual deputado estadual por Alagoas, afirma que Renan sabia de tudo.
O parlamentar nega.
Enquanto tudo se concentra no diz e não diz, conselhos não faltam.
Para o senador petista Eduardo Suplicy (SP), o ideal é que Renan tenha a mesma atitude que Virgílio. “No caso de Virgílio, ele reconheceu o que havia feito e ressarciu o Senado. Seria próprio que Renan, que reconheceu o episódio, tenha um procedimento de natureza semelhante”.
Mais cedo, o líder democrata Agripino Maia (RN), usou da mesma teoria.
E houve também os que preferiram não opinar sobre o assunto. Um deles foi o senador Papaléo Paes (PSDB-AP), que afirmou “não falar mal de ninguém” e se revelou abalado com as últimas notícias que o envolveram.
Há cerca de dez dias, Papaléo tentou lotar em seu gabinete a mulher do ex-diretor geral do Senado, Agaciel Maia, Sânzia Maia.
A proposta, no entanto, não se concretizou. A própria Sânzia negou o convite, ao alegar que isso poderia comprometer o senador tucano.
Para quem não se lembra, Agaciel Maia foi considerado um dos principais responsáveis pela edição dos chamados “atos secretos”, fato que culminou na maior crise política da história do país.