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Dois anos sem cigarro. E ainda não estou curado do tabagismo

cigarro

Dois anos atrás procurei a ajuda da Dra. Jaqueline Issa, coordenadora do Núcleo de Tabagismo do INCOR de São Paulo, quando todas as tentativas de parar sozinho de fumar deram errado. Era uma espécie de último recurso ante a iminência inexorável de uma morte horrível, o pulmão carcomido por tumores que eu nutria com 60 cigarros consumidos a cada dia.

A Dra. Jaqueline, um anjo da guarda de jaleco branco, prescreveu dois antidepressivos e determinou que eu mesmo estabelecesse uma data próxima para largar o cigarro. Combinei comigo mesmo que isso se daria duas semanas mais tarde, na volta de um período curto de férias nos Estados Unidos.

Quinze dias depois, ao embarcar as malas no voo que me traria de volta ao Brasil, apaguei o último cigarro no cinzeiro de um dos terminais do aeroporto de Miami. Entrei na aeronave aturdido por aquela sensação que acomete todo fumante compulsivo antes de cada viagem longa: Uma angústia, uma vontade de não embarcar, de voltar ao saguão e ganhar a rua para fumar outro cigarro.

Nunca mais acendi outro cigarro. A duríssimas penas venci o período mais crítico da abstinência. Contava primeiro as horas sem cigarro, depois os dias, as semanas e finalmente os meses. Quatro deles se passaram antes que eu percebesse que já não sonhava mais com tabaco, fumaça e nicotina. Aos poucos o vício foi cedendo com a ajuda dos medicamentos da Dra. Jaqueline.

Um ano mais tarde voltei a tomar café e eventualmente um chopinho. Só então descobri a importância de algo que me havia sido prescrito desde o começo dessa luta. Passei a fazer exercícios físicos. Baixei um aplicativo no meu smartphone que me ensinou primeira a caminhar, depois a correr. Em menos de dois meses, já conseguia correr 50 minutos sem parar. Depois comprei uma bike e passei a pedalar regularmente. Hoje sou quase um atleta, a despeito da idade que segue avançando. Para quem não sabe, tenho 54 anos.

Ao final desse primeiro ano de privação larguei abruptamente os antidepressivos. Não deveria ter feito dessa forma, mas precisava recuperar a libido que os remédios haviam soterrado. Estava recomeçando a vida de solteiro e, nessa condição, antidepressivos não faziam mais sentido. Logo fui acometido por uma súbita saudade do tabaco. Mas aí, já treinado e bem-disposto para a vida, foi moleza devolver a reminiscência deletéria para o fundo da minha mente.

Agora conto dois anos sem cigarro. Não virei um ex-fumante pentelho, desses fundamentalistas que acham que têm que mover uma cruzada contra o tabagismo. Entendo, no entanto, que ele é uma doença grave e difícil de curar. E que não sara totalmente. Ainda hoje, vez por outra, sinto no fundo da língua aquele gostinho do torpor provocado pela nicotina. E logo movo meus pensamentos para longe dessas lembranças.

Não quero mais nada com cigarro. Ele levou 36 anos da minha motivação para a vida.  Estou muito feliz com o que me sobrou de pulmão. Consigo pedalar e correr o suficiente para vencer belas trilhas, ir a lugares que jamais cogitei e até programar aventuras que não sei se acontecerão, mas para as quais estou fisicamente preparado. Por exemplo, percorrer os morrotes da Toscana de bicicleta, ir de castelinho em castelinho provando os queijos e o vinho.

Este texto tem dois objetivos. O primeiro é oferecer a quem já não acredita que pode vencer o tabagismo o testemunho de que, sim, é possível. E fazer um agradecimento tardio à Dra. Jaqueline Issa. Ela não tem ideia do tamanho do bem que me fez — algo que jamais vou poder retribuir. Então, muito obrigado, Dra. Jaqueline, pelo bem que me fez retirando essa obsessão chamada cigarro da minha vida.

Não custa nada, ao final, deixar uma pista para que eventuais interessados em parar de fumar encontrem o caminho. Aqui está o link para o site da clínica da Dra. Jaqueline. Basta clicar para começar o processo e se libertar da escravidão provocada por essa droga potentíssima chamada nicotina.

 

 

 

 

 

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