
O que foi o 19 de fevereiro para o novo Presidente da República ?
Com certeza, um dia inesquecível, desses que poderão se transformar em efeméride no futuro, tal a aura de loucura que parece ter envolvido a Esplanada dos Ministérios.
Em menos de 24 horas, Bolsonaro conseguiu:
- Passar de acusador a acusado.
- De fiador da verdade a mentiroso.
- Ganhar a pecha de chefe desleal.
- Eleger um inimigo visceral (sabe-se lá por que), colocando o maior conglomerado de mídia do País na alça de sua mira.
- Ganhar a antipatia de veículos importantes da “nova mídia”, como o site O Antagonista.
- Perder um de seus mais leais colaboradores, o ministro Gustavo Bebianno.
- Empoderar a mente persecutória do infante Carlos Segundo, o filho problema que se imbuiu das funções de primeiro-ministro e verdugo oficial.
- Ser fragorosamente derrotado no Congresso num assunto banal e desnecessário como o sigilo de documentos oficiais.
- Ser tratado ironicamente por seu vice em face da recusa, pelo Congresso, das mudanças introduzidas pelo decreto da Lei de Acesso à Informação (“Perdeu, playboy. Se fosse o presidente, certamente isso passava”).
- Ser desautorizado pelo próprio porta-voz que, contrariando o chefe, enalteceu o papel institucional da imprensa.
- Amealhar críticas severas dos próprios companheiros de partido, indignados com o errático comportamento presidencial.
- Mostrar-se frágil e desorientado a ponto de merecer censura pública até de quem vinha lhe sustentando apoio acrítico, como o MBL e outros movimentos de direita.
Falta encontrar uma criança para gritar “o rei está nu” para a multidão de fanáticos cegos que ainda o cerca — multidão, aliás, que começa a escassear até mesmo na internet, o território onde Bolsonaro se transformou no mito que os primeiros 48 dias de governo começaram a fazer derreter.
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