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A política da morte

De uma hora para outra o Brasil foi tomado por uma horda de políticos que têm como perspectiva promover a morte. Nela estão governantes como Jair Bolsonaro e Wilson Witzel e outros integrantes dessa nova direita cuja brutalidade parece ser o tema de maior apelo.

Esses políticos, em geral, perfilam-se contra o aborto sob a alegação de que ele equivale ao homicídio de fetos inocentes. Mas são os primeiros a pregar o homicídio de adultos, jovens e qualquer um que entendam como delinquente.

E também a transformação das polícias em grupos fardados de extermínio de pobres, pretos e favelados em geral que eles costumam enxergar apenas como alvos.

Bolsonaro foi eleito ao transformar o anátema da violência em vantagem eleitoral. Adepto da autodefesa, seus primeiros movimentos foram no sentido de permitir que o cidadão se transforme em miliciano de si mesmo.

Os coristas desses novos verdugos com mandato eletivo justificam a volta à barbárie com a própria truculência. Para eles, não tem a menor importância que milicianos, tão conhecidos pelo Príncipe Dom Flávio Primeiro, tenham assassinado a vereadora Marielle Franco um ano atrás, e que até agora os culpados estejam sendo protegidos por assassinos fardados e delegados subservientes.

Na visão dos milicianos empoderados, eles fizeram o que deveriam ter feito. É por isso que brigam tanto para estigmatizar uma morta.

O que importa nos dias atuais é dar a peemes assassinos (que felizmente não são todos e nem são a maioria) o direito de executar a pena capital oficiosa que assombra os subúrbios — sem o perigo de enfrentarem uma acusação judicial. O que está em jogo é o salvo-conduto para matar, matar e matar. É só isso que os políticos mortíferos querem.

Como se o Brasil, com mais de 60 mil mortos ao ano, ainda precisasse de mais assassinatos para se transformar num inferno perfeito.

O que acontecerá quando cada cidadão virar um brucutu e tiver sua arma na cintura ? Os homicídios por motivos banais vão explodir. A bancária que sobreviveu à tortura infligida por amante assassino, por exemplo, não teria a menor chance de escapar com vida.

O Infante Carlos Segundo, O Destemperado, diz o contrário. Diz que ela teria conseguido matar o assassino caso tivesse uma arma. Mas por que ela, e não ele, o espancador, portaria um revólver ou pistola na bolsa para um primeiro encontro romântico ? O Infante Carlos Segundo, O Destemperado, não chegou a cogitar essa possibilidade.

O governador do Rio de Janeiro parece um césar carniceiro. Quer matar de cima, dos helicópteros, quer matar de baixo, de longe, com franco-atiradores. Só pensa em matar, matar e matar.

A disputa para ser o verdugo-mór do País segue incólume, sem ligar para os parcos questionamentos sobre que tipo de avanço se poderia obter desse recuo civilizatório.

Quem ousa sustentar pensamentos diversos dos franco-governantes não tem assento em conselhos, não participa da elaboração de políticas públicas, não pode nem dar sugestões aos notáveis. Está proscrito, como está agora Ilona Szabó.

É a especialista da qual nem Moro, nem Bolsonaro, nem a multidão de jagunços virtuais que os louvam na internet jamais ouviram falar antes do convite e do desconvite feitos a ela à moda da Casa: com toda a descortesia possível.

Pois, se tivessem ouvido falar dela, se conhecessem sua obra, sua aura, ou não a teriam convidado, como parece óbvio, ou não a teriam desconvidado, como parece mais óbvio ainda.

Mas o governo da morte não tem espaço para a discussão da vida. Está fechado para o que o planeta vem discutindo e implementado cotidianamente. As palavras de ordem são matar e prender, berradas entre sussurros elogioso a um estadista da qualidade de um Alfredo Stroessner ou a torturadores como Brilhante Ustra.

Afinal, eles são apenas a extrema direita brasileira. Não são os republicanos da Califórnia nem os mórmons do Colorado, que liberaram a maconha para os doentes e os que querem apenas se divertir.

Não são como os comunistas uruguaios, que retiraram das mão dos traficantes quase 100 milhões de dólares desde que o veneno do tráfico passou a ser vendido nas farmácias como remédio para uma das maiores chagas sociais contemporâneas — o crime organizado.

Os apólogos da morte vão seguir cantando as virtudes dos grupos de extermínio, condecorando milicianos em presídios, empregando suas mães e suas esposas. Porque, no dia em que a violência desaparecer, eles jã terão desaparecido desde a véspera.

Agora, a ordem é pesar o dedo.

E salve-se quem puder.

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