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Tasso admite mudar parecer contrário à entrada da Venezuela no Mercosul

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) sinalizou nesta terça-feira que pode modificar o parecer contra a adesão da Venezuela ao Mercosul se houver, por parte do governo venezuelano, compromissos efetivos de respeito aos princípios democráticos no bloco econômico. Durante audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado com o prefeito de Caracas (Venezuela), Antonio Ledezma, Tasso disse estar disposto a “fazer todo o possível” para o ingresso do país no bloco.

“Se for possível uma construção em que se aprove a entrada da Venezuela no Mercosul desde que haja garantias concretas de que essa evolução e exportação de modelo autoritário e preconceituoso não será feito, estou disposto a estudar para que possamos chegar a um acordo”, afirmou.

Tasso disse estar disposto a negociar com a base aliada governista alterações no texto que permitem o ingresso da Venezuela no Mercosul desde que o país assuma compromissos formais de respeito à democracia. “Eu quero saber qual a posição da base, se existe a possibilidade de acordo para a aprovação [da Venezuela no Mercosul] com garantias da parte do governo.”

No parecer apresentado à comissão, Tasso rejeita o ingresso da Venezuela no Mercosul com o argumento de que o país presidido por Hugo Chávez não cumpre os princípios democráticos necessários à América do Sul.

Relator do projeto de adesão da Venezuela no Mercosul, o tucano acusa Chávez de cometer uma série de atos que ferem a democracia venezuelana –por isso acredita que a adesão do país ao bloco econômico poderia trazer danos aos seus países-membros.

Apesar das críticas ao governo de Chávez, Tasso disse hoje não ser contrário ao ingresso do país no Mercosul desde que haja mudanças no comando do país. “Ninguém é contra a Venezuela no Mercosul. Nós todos somos a favor da Venezuela no Mercosul, queremos e muito a Venezuela integrada conosco. A necessidade de integração do Norte para nós, de Estados do Nordeste, é mais importante ainda. O problema é que a história está cansada de ver a omissão em nome de interesses comerciais imediatos de princípios básicos de direitos humanos e democracia”, afirmou.

A votação do parecer de Tasso está marcada para quinta-feira na comissão. Nos bastidores, a base aliada governista trabalha para rejeitar o texto do tucano, aprovando voto em separado do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) –favorável ao ingresso do país no bloco econômico.

Os governistas calculam ter os votos necessários na Comissão de Relações Exteriores do Senado para aprovar a adesão da Venezuela ao Mercosul. Reportagem da Folha afirma que, dos 19 senadores que compõem o colegiado, 11 são favoráveis à adesão, todos pertencentes a partidos que apoiam o governo Lula

Críticas

Assim como Tasso, o prefeito de Caracas fez duras críticas ao governo de Hugo Chávez durante o debate na comissão, mas defendeu o ingresso da Venezuela no Mercosul. “Sou partidário da integração, creio nessa integração. Não se trata de ter ou não Chávez no poder. Quando se discutia o ingresso da Venezuela, estava na presidência [da Venezuela] o senhor Rafael Caldeira. Por reconhecimento, defendo o Estado da Venezuela como parte do Mercosul”, afirmou.

Ledezma disse que o presidente da Venezuela estabeleceu uma espécie de ditadura no país ao controlar o Congresso, os meios de comunicação e a polícia. O prefeito disse, porém, que a conduta antidemocrática de Chávez no país não deve representar o veto à Venezuela no Mercosul.

“Uma coisa é o governo da Venezuela, outra coisa é o Estado da Venezuela. Somos integracionistas porque acreditamos num mundo cada dia mais inter-relacionado. Creio na necessidade da Venezuela retomar suas relações nas comunidades de nações”, afirmou.

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