Lilian Tahan
Os estilhaços do escândalo que frustrou os planos de reeleição do governo de José Roberto Arruda (sem partido) e comprometeu a intenção dos distritais investigados no inquérito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para 2010 também atingem deputados da base governista que não estão diretamente envolvidos na crise. Escalados para evitar um processo de impeachment contra o governador e com a perspectiva de uma campanha sem o palanque do grupo que está no poder, esses políticos terão dificuldade de encorpar a candidatura sem o respaldo de Arruda. Por enquanto, a oposição, além dos distritais ligados ao ex-governador Joaquim Roriz (PSC), serão aparentemente beneficiados com a reviravolta no cenário político ocorrido a partir da Operação Caixa de Pandora.
Outros seis distritais – Eurides Brito (PMDB), Júnior Brunelli (PSC), Benício Tavares (PMDB), Rôney Nemer (PMDB), Benedito Domingos (PP) e Aylton Gomes (PMN) – também investigados pela Caixa de Pandora, enfrentarão obstáculos para atingir as metas de 2010. Os vídeos comprometedores contra pelo menos quatro dos oito citados no inquérito da PF tornarão as eventuais candidaturas dos supostos envolvidos um desafio à memória do eleitor.
Os efeitos políticos da crise devem chegar até mesmo para os distritais da base governista que não foram citados diretamente no inquérito. Alírio Neto (PPS) é um exemplo. Até o início da Operação Caixa de Pandora, o distrital estava no comando de uma das áreas de maior potencial eleitoral do governo, a Secretaria de Justiça e Cidadania. Com o escândalo, o distrital retornou para a Câmara por orientação do partido. Apesar de o PPS estar oficialmente fora da base de apoio ao governo, Alírio é um dos deputados que voltaram para reforçar a defesa de Arruda no Legislativo.
Assim como Alírio, Eliana Pedrosa deixou uma secretaria de projeção, a de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda, para retomar o mandato na Câmara e liderar a base de apoio a Arruda. Dr. Charles (PTB), Batista das Cooperativas (PRP), Raimundo Ribeiro (PSDB), Wilson Lima (PP) e Paulo Roriz (DEM) integram o movimento dos sem-palanque. Eles tiveram uma atuação bastante vinculada ao governo e vão enfrentar obstáculos numa campanha onde a principal referência até o final de novembro agora está fora do jogo.