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Saiba como foi a noite de terror em Albina

O “hotel”dos brasileiros em Albina: 200 pessoas deixaram para trás tudo o que tinham para fugir da morte

 

Não é fácil reconstituir o que aconteceu em Albina na noite da véspera de Natal. Os relatos dos garimpeiros estão contaminados pelo pavor e a emoção que ainda eletriza o ar os torna poucos confiáveis.

Objetivamente, o que se pode apurar é que a onda de violência foi deflagrada pelo assassinato de um quilombola por um brasileiro conhecido apenas como Pitt Boy.

O quilombola assassinado seria o líder de uma gangue composta por cerca de 80 pessoas cujas ações objetivavam sempre extorquir garimpeiros brasileiros. Três pessoas ouvidas pelo Blog em Albina disseram que naquele dia essa pessoa já teria agredido outros quatro garimpeiros.

Pitt Boy foi abordado pelo quilombola em um bar chamado Currasquinho. Ele não respondeu à uma primeira provocação. Ao ser agredido, na segunda, levantou-se da mesa e imediatamente cortou o tórax do agressor com um punhal.

O assassinato foi a senha para que todos os garimpeiros fugissem do bar temendo a chegada da polícia. Antes dela, no entanto, apareceu uma horda de quilombolas enfurecidos.

A selvageria, que começou no bar onde o crime aconteceu, logo se espalhou para o “hotel dos garimpeiros”, um galpão de cerca de 500 metros quadrados onde eles armavam suas redes para dormir.

Na foto acima, você pode perceber que muitos deixaram para trás seus pertences para tentar fugir da turba enfurecida de quilombolas.

Quando a polícia chegou, os brasileiros que viviam nos apartamentos localizados sobre um supermercado conhecido como China Novo foram colocados em um dos quartos. A porta foi trancada. Mas logo os quilombolas os descobriram e conseguiram invadir o local, irradiando o pânico.

Algumas mulheres não conseguiram fugir. Foram estupradas por grupos de cinco ou seis homens. Uma delas, uma prostituta que estava de passagem pela cidade, foi salva por um negro que trabalhava como segurança do supermercado. Ele apontou sua calibre 12 para os estupradores e puxou a mulher pelo cabelo até retirá-la do quarto. Em seguida, o segurança foi dominado pelos agressores, teve sua arma furtada e levou uma surra.

Ao mesmo tempo, outro grupo de quilombolas saqueava o supermercado e uma loja de ouro vizinha. Logo o prédio começou a arder em chamas, encantoando os brasileiros que estavam em seu interior. A saída foi tentar subir no telhado, onde os garimpeiros permaneceram até as quatro e meia da manhã enfrentando a fumaça e o fogo. “Tive vontade de pular de lá de cima”, relata a esposa de um garimpeiro, que foi contida pelo marido.

Eles só saíram do telhado, escorrregando por uma calha, quando os policiais estacionaram uma camionete próximo ao prédio e asseguraram que não haveria mais agressões. Ainda assim, um grupo de quilombolas armado com facões conseguiu romper o pífio cordão de isolamento e passou a esfaquear e atacar as vítimas com pedaços de madeira.

Outra prostituta foi pega pelos quilombolas. Roubaram as jóias dela e se preparavam para estuprá-la quando viram, na camionete do dono do hotel, a estatueta de um buda feita com cerca de de meio quilo de ouro . Enquanto tentavam arrobar o veículo, a mulher conseguiu fugir e entrar numa viatura policial.

Impossibilitados de controlar os agressores, os policiais decidiram levar os brasilerios para o prédio da delegacia da cidade. Minutos depois, uma horda se formou no portão da delegacia ameaçando invadí-la. O que só não aconteceu porque os policiais dispararam tiros para o ar.

No fim da madrugada todo o quarteirão onde ficavam as lojas dos chineses estava destruído. As lajes dos prédios incendiados desabou com a explosão de dezenas de botijões de gás. Todo o estoque de alimentos perecíveis, bebidas e produtos de higiene se perdeu.

Os garimpeiros juram que viram corpos de pessoas mortas na beira do rio que banha a cidade. Pelos relatos que colhi, esse corpos teriam sido jogados no rio e desapareceram. Isso constitui o maior mistério de todo o episódio. Há muitas informações consistente sobre mortes, mas os corpos simplesmente desapareceram.

 


O que restou do quarteirão onde ficavam as lojas dos chineses e as hospedarias de brasileiros

 

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