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Juíza denuncia assédio da máfia das sentenças de MT

Adriana Vandoni, do Blog Prosa e Política

Ontem o jornalista Fabio Pannunzio revelou que existe uma investigação no STJ sobre o esquema de venda de sentenças em Mato Grosso. Ele relatou ainda alguns tipos de como se dava essa negociação. Pois bem, agora vou relatar outro modus operandi que me foi relato por uma juíza, já aposentada, que pediu que seu nome não fosse revelado, por razões óbvias.

Tudo começou na quarta-feira de cinzas de 2003. A juíza tinha menos de uma semana naquela comarca do nortão de Mato Grosso, quando chegou na cidade o emissário de uma advogada, cujo marido era desembargador.

De cara ele relatou fatos internos da comarca, demonstrando profundo conhecimento dos processos que deveriam ser julgados. A juíza, percebendo onde aquela conversa chegaria, deu um jeito de circular pela cidade com o emissário e apresentá-lo ao maior número de pessoas. Quando enfim voltaram ao Fórum, o emissário começou falando da dificuldade que devia ser morar naquela distância da capital e ficar longe dos filhos, disse que quando ela quisesse, o avião que o levou, estaria à disposição dela também. Enquanto dizia isso ele abriu uma pasta de onde tirou uma sentença pronta para que ela “apenas” assinasse.

Como se isso só não bastasse, o emissário continuou dando seu recado: que a Dra. (sua patroa) sabia que por estar sem juiz há tempos, aquela comarca estava com excesso de processos a serem julgados e que se a juíza quisesse, podia mandar todos pra Cuiabá que ela devolveria já com as devidas sentenças. Assim tipo, por atacado, entende?

O emissário só não contava com a reação da juíza:

“Diz pra Dra., sua patroa, que ela é uma cadela, uma vaca, uma vadia e ela não poderia ter me oferecido suborno sem me conhecer porque se me conhecesse, saberia que eu não sou da laia dela…Diz pro Desembargador, que desde que cheguei em MT, ouvia dizer que ele era corrupto, mas custava crer em tudo que ouvia…agora eu sei que é verdade…e que se ele tentar me abordar novamente, vou recebê-lo, não com a Polícia, mas com a Imprensa…”

Ao telefone o desembargador jurou para a juíza que não conhecia o emissário, o que não era verdade, pois a amizade de ambos estava estampada em diversas fotos de colunas sociais, tiradas em festas que o próprio desembargador organizava em sua casa. Além disso, o emissário era funcionário da esposa do desembargador.

O caso foi encaminhado oficialmente ao corregedor, à época Mariano Travassos (aposentado pelo CNJ), a juíza pediu para ser ouvida, o que jamais aconteceu.

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