Denise Rothenburg
A votação da emenda que dividiu os royalties do petróleo entre os estados e municípios provocou um desconforto na relação entre o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e seus principais aliados do Rio de Janeiro. Hoje, o PMDB estadual desembarca em Brasília para preparar um mandado de segurança contra Temer. Vão alegar que ele errou ao colocar uma emenda em votação, já que a proposta não tinha as assinaturas suficientes para apreciação em plenário.
O governador do Rio, Sérgio Cabral, é um dos peemedebistas mais irritados, e deu sinal verde à bancada para acionar Temer no Supremo Tribunal Federal (STF). Cabral considera que, se Temer quisesse, poderia ter acabado com a polêmica emenda numa canetada só. Bastava dizer que o texto não tinha assinaturas suficientes. A raiva de Cabral, entretanto, não chegou ao ponto de retirar o apoio a Temer como candidato a vice na chapa da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência da República. Mas tornou mais opaca a festa dos peemedebistas do Rio em torno do presidente da Câmara.
Temer vive um período difícil, dividido entre o papel de presidente da Casa e, ao mesmo tempo, o de nome do partido para compor a chapa com Dilma. O comandante da Câmara colocou em votação, por exemplo, a proposta de emenda constitucional que aumenta os salários dos policiais, projeto do senador Paulo Paim (PT-RS) que mexe nas contas da Previdência Social, projetos que desagradam ao Poder Executivo.
Dentro do governo, a aprovação da emenda que redistribuiu os royalties do petróleo também não repercutiu bem, uma vez que sobrará para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetar a proposta, quando terminada a votação do projeto no Senado. Alguns assessores consideram que o veto pode deixar o presidente desconfortável perante os estados não produtores de petróleo — que não veem a hora de dividir os R$ 7 bilhões que o Rio perde anualmente com a divisão dos royalties entre todas as unidades da Federação.
Apesar desses percalços entre Temer e o Planalto, o PMDB não deseja ver como candidato a vice ninguém que não lhe represente de fato. Por isso, a própria bancada do Rio não planeja abandonar Temer à própria sorte ou mesmo trocar de candidato. Mas nos bastidores, há quem diga que, se houver necessidade de trocar o candidato a vice, será preciso assegurar que não será o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. A cúpula do PMDB não considera Meirelles — o preferido de setores do governo para a chapa com Dilma — um nome da cozinha partidária, até porque ele é recém-chegado ao partido.
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