Bernardo Mello Franco
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou ontem a multa de R$ 5.000 que recebeu na semana passada do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por fazer campanha antecipada para a pré-candidata do PT ao Planalto, ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
Ao inaugurar 106 apartamentos populares inacabados num bairro pobre em Osasco, na região metropolitana de São Paulo, ele voltou a desafiar a Justiça e incitou uma plateia de cerca de mil pessoas a gritar o nome da candidata.
A atitude coincidiu com nova multa aplicada pelo TSE ao presidente, desta vez de R$ 10 mil por propaganda antecipada em janeiro, na inauguração do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados de São Paulo, quando disse que Dilma estava “palanqueira”.
Na semana passada, o tribunal havia determinado que o presidente pagasse R$ 5.000 por suposta campanha prévia em maio do ano passado.
Do alto do palanque, Lula disse que a entrega das moradias compensaria a região por 40 anos de descaso de governos passados. “Estamos fazendo um processo de reparação, e tenho certeza de que isso vai continuar. Eu não posso citar nome, já fui multado pela Justiça Eleitoral em R$ 5 mil porque disseram que eu falei o nome de uma pessoa. Então, para mim, não tem nome aqui”, disse, observado pela pré-candidata.
A plateia começou imediatamente a gritar o nome de Dilma. Sem disfarçar o sorriso, Lula interrompeu o discurso e esperou o fim do coro. “Se eu for multado, vou trazer a conta para vocês. Quem é que vai pagar a minha multa? Levanta a mão aí, que eu vou cobrar”. O público ergueu os braços.
Nem o fato de os apartamentos terem sido entregues inacabados conteve a verve presidencial. Lula disse que a falta de azulejos era positiva, porque parte das famílias beneficiadas podia não gostar do revestimento original. “Tem gente que vê o azulejinho de uma cor e na semana seguinte está tirando e colocando outro. Então é melhor entregar semiacabado, para as pessoas poderem fazer o que elas gostam”, justificou. As unidades têm dois quartos e 50 m2 de área.
Dilma cometeu uma gafe ao dizer que os moradores dos novos apartamentos teriam varandas para namorar e olhar a lua. “Estou vendo a varandinha ali. Cada um de nós tem que ter direito a isso”, elogiou, apontando um dos prédios.
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