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Bandarra é suspeito de favorecer Durval em investigação

Ana Maria Campos

Até a semana passada, a contaminação do Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) no suposto esquema de corrupção desbaratado na capital do país era sustentada apenas pela palavra de Durval Barbosa, um dos personagens mais investigados pela própria instituição. O relatório da corregedora-geral do MPDFT, Lenir de Azevedo, no entanto, fortaleceu as denúncias do colaborador da Operação Caixa de Pandora. Depoimentos prestados em sindicância interna ampliaram as suspeitas de que o procurador-geral de Justiça do DF, Leonardo Bandarra, foi o responsável pelo vazamento de informações privilegiadas relacionadas à Operação Megabyte, idealizada para municiar investigação relacionada à lavagem de dinheiro desviado de contratos com empresas de informática.

Na Operação Megabyte, ocorrida em junho de 2008, a Polícia Federal (PF) e o MPDFT queriam confirmar suspeitas de repasse de dinheiro vivo de prestadoras de serviço de informática para uma empresa ligada a Durval Barbosa. Para checar essa informação e outros indícios de que o ex-secretário de Relações Institucionais do DF usava uma loja da família para “esquentar” recursos desviados, policiais federais e promotores de Justiça cumpriram mandados de busca e apreensão em vários endereços, como a casa de Durval no Lago Sul, a loja da então mulher dele, Fabiani Barbosa, e a residência de uma ex-mulher (leia Memória). O vazamento de informações, no entanto, pode ter prejudicado a coleta de evidências fundamentais para as ações penais que, posteriormente, seriam propostas contra Durval Barbosa.

O próprio Durval afirma que soube pelo menos três semanas antes que haveria busca em sua casa. O principal alvo da Megabyte conta que teve acesso à minuta do pedido encaminhado pelo Ministério Público à Justiça para a deflagração da operação. Com essa informação, Durval sabia de todos os endereços que seriam vasculhados, numa ação estrategicamente preparada pelo setor de inteligência da Polícia Federal. Em depoimento à Corregedoria-geral do MPDFT, o promotor responsável pelas investigações da Megabyte, Eduardo Gazzinelli, disse que apenas Bandarra teve acesso ao documento que chegou às mãos de Durval. E mais: ele revelou que na ocasião havia uma suspeita de vazamento que intrigou os investigadores.

Envelope
Gazzinelli contou que um informante da PF, que atuou na Operação Satiagraha (também contra desvios de recursos públicos), o procurou à época para dizer que Durval havia retirado todos os documentos importantes de sua casa porque soubera que o local seria alvo de ação policial. Durval Barbosa afirmou, em depoimentos, que pagou R$ 1,6 milhão para a promotora Deborah Guerner para ter essa informação que pode ter lhe salvado de mais problemas com a Justiça. Numa conversa com Durval em sua casa, Deborah teria sacado um envelope do MP de cor parda e teria dito ao então secretário de Relações Institucionais: “Isto é ouro”.

Em seguida, ela teria mostrado uma minuta de ação cautelar de busca e apreensão da Megabyte. De acordo com Durval, o dinheiro foi entregue à promotora da seguinte forma: duas parcelas de R$ 500 mil e duas de R$ 300 mil. Um motorista de Durval Barbosa, Jorge Luis Paulo da Silva, confirmou ter entregado em duas situações um pacote embrulhado como se fosse um presente na casa de Deborah. De acordo com relato de Gazzinelli, a promotora não teve diretamente acesso a informações da Operação Megabyte.

O suposto vazamento de informações obtidas em razão do cargo pode ser a motivação para o pedido de afastamento de Bandarra do cargo de procurador-geral de Justiça do DF. Na próxima semana, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) deve se reunir para deliberar sobre o resultado da sindicância enviado por Lenir de Azevedo ao órgão. O processo está nas mãos do corregedor nacional do MP, Sandro Neis.

Clique aqui para ler a íntegra no site do Correio

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