Os doze senadores petistas decidiram adiar para o fim da tarde desta terça-feira a reunião em que a bancada deve se posicionar a respeito do imbloglio Sarney. Inicialmente prevista para o meio-dia, a reunião foi remarcada para as18h30.
A maior parte dos senadores é favorável a que Sarney se afaste por 30 dias, posição defendida com mais ênfase pelo Líder Aloizio Mercadante (PT-SP) e pelos senadores Tião Viana (PT-AC), Marina Silva (PT-AC) e Eduardo Suplicy (PT-SP). Esses parlamentares nao veem a menor chance de que o partido, obedecendo determinação do presidente Lula, ofereça apoio para que Sarney continue à frente da presidência da Mesa Diretora do Senado.
Conversei com Suplicy agora há pouco. “Essa não é uma questão do número de votos. O que precisamos é construir o entendimento”, afirmou o senador. Suplicy esperava que a conversa que a bancada do PT teve com Lula na madrugada da última sexta-feira pudesse motivar o presidente a pedir a Sarney uma licença enquanto o Senado apura seu envolvimento na nomeação de parentes e servidores por atos secretos e o envolvimento de seu neto com a venda de seguros e empréstimos consignados dentro da Casa.
Lula ouviu os senadores, mas contrapôs uma série de argumentos em favor da permanência de Sarney. “O que iria acontecer se a cada problema que tenho eu me afastasse da presidência?”, perguntou o presidente. A indagação foi motivo de reflexão ao longo de todo o fim-de-semana. Suplicy assegura que, apesar disso, a disposição dele e dos colegas não mudou.
“Uma das preocupações é com o que aconteceria durante a interinidade de Marconi Perillo, que em tese poderia transformar a presidência em uma arma contra o governo”, diz Suplicy. Perillo não é bem visto por Lula. No início das investigações do Mensalão ele confirmou ter alertado o presidente para a distribuição da mesada aos parlamentares envolvidos. Em outro episódio, teria afirmado seu apoio à prorrogação da CPMF e votou contra.
A reunião da bancada vai ser tensa. O assunto não é tranquilo e pode desaguar até mesmo na renúncia de Mercadante à liderança do partido. As pressões não partem apenas do Palácio do Planalto. Dos doze senadores, apenas três não vão ter que renovar o mandato em 2010: João Pedro (AM), Tião Viana e o próprio Suplicy. Todos os demais vão ter que justificar na urna o comportamento parlamentar. E o affair Sarney pode ter um custo eleitoral alto demais.