Ele é um dos senadores mais velhos do Senado. Octogenário, Paulo Duque tem uma biografia inusitada. Costumava atuar no Rio de Janeiro e ficou conhecido por ser duas vezes suplente. Entrou na Casa porque o antecessor dele, Régis Fichtner, que era suplente de Sérgio Cabral, foi chamado para atuar no governo do estado.
Nunca teve um voto. Nunca esperava nada. E, de repente, conseguiu tudo.
Na terça-feira, finalmente presidiu a reunião que previa a instalação da tão temida CPI da Petrobras. Foi além e convocou as eleições para presidência e vice-presidência da comissão. Apareceu e literalmente travou queda de braço com oposicionistas. Conseguiu se impor e mudou regras, deixando de agir pela ordem e pelo artigo 14.
Hoje, participou de mais um feito. Começou presidindo o encontro que daria a ele próprio o cargo de presidente do Conselho de Ética. Eleito por dez votos, contrariou qualquer tipo de expectativa por parte de oposicionistas que, até ontem, tinham certeza da vitória de Antonio Carlos Valadares para a presidência.
Efetivado no cargo, agradeceu. “Todos merecem todo o meu respeito e consideração. Nunca imaginei presidir um Conselho numa Casa tão importante como esta”. E complementou à imprensa: “Tenho ou não tenho motivos para me emocionar?”. Quase foi às lágrimas.
Para o líder democrata, José Agripino, a eleição não significa que a base aliada dominou a situação de vez, embora haja motivos de sobra para suspeição. “Nada está dominado. O que domina é a consistência dos fatos”, afirmou, ao dizer que “mais do que esquisito, o pleito é suspeito”.
Duque também foi cobrado por outros políticos. O senador e membro do Conselho, Demóstenes Torres (DEM-GO), espera que o presidente cumpra o regimento. “Mas se ele vier como membro de uma tropa de choque vai ter problemas”. Demóstenes exige ainda ética. “Ele (Duque) está pregando a ética. Espero que aja de acordo”.
Mas segundo Paulo Duque, todos “podem confiar como confiaram até hoje”. Lacônico, o novo presidente do Conselho de Ética nega que tenha sido orientado e mandado pelo colega Renan Calheiros, ex-presidente do Senado e alvo de representação. “Não sou soldado de ninguém”. Perguntado sobre a postura que vai adotar e se vai ou não averiguar denúncias contra Renan e Sarney, só completou: “Coragem se mostra na hora”.
Agora, é pagar para ver. O próximo encontro do Conselho de Ética acontece depois do recesso parlamentar, no dia 05 de agosto.