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Bate boca na primeira sessão pós-recesso no Senado

Os primeiros discursos direto da tribuna do Senado nesta segunda-feira pareciam mornos. Não havia indícios de repercussão sobre a crise que assola a Casa nos últimos seis meses. Era de se estranhar. Teve até parlamentar falando sobre o papa Bento XVI.

Mas a situação mudou assim que o senador Pedro Simon (PMDB-RS) começou a discursar. O gaúcho alegou que falaria de paz, mas causou uma guerra no plenário. Prometeu que não comentaria a nota do partido dele solicitando a saída imediata de dissidentes. Disse apenas que voltaria a pedir a renúncia do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP).

E pediu. Para isso, citou casos semelhantes de políticos como Antonio Carlos Magalhães, Jader Barbalho e Renan Calheiros. E foi além ao falar do último ex-presidente. “Acho interessante que o senador Renan, quando presidente, com dois pedidos de seu afastamento, renunciou à presidência e garantiu o mandato. Agora está recomendando o contrário para o presidente Sarney. Por que serviu pra ele e não serve aqui?”

Acrescentou ainda que a manutenção de Sarney no cargo era insustentável. “Hoje o presidente deveria entender que a renúncia é um grande ato. Se renunciar é um grande gesto dele que se somará à sua biografia. Se não fizer isso, será o que Deus quiser”.

E foi aí que todo o barraco começou.

Aparteado pelo colega de partido, Renan Calheiros (AL), teve que ouvir. O alagoano mostrou de forma irônica apreço ao peemedebista e acrescentou: “Só lamento que o esporte preferido de Vossa Excelência, nos últimos 35 anos, tenha sido falar mal de Sarney”. A fala era uma indireta a fatos do passado. “Quando o PMDB indicou o presidente Sarney para ser vice-presidente de Tancredo Neves, desde aquele momento o senhor fala mal porque queria ser exatamente o candidato a vice-presidente do PMDB”.

No revide, Simon deu um histórico das relações conturbadas de Renan com outros políticos. Um deles era o atual senador Fernando Collor, que teria contado com o apoio do peemedebista enquanto era presidente e, em épocas de impeachment, foi deixado de lado, a ver navios.

Pelo tão falado artigo 14, Collor (PTB-AL) quis se defender. Mas atacou descontroladamente. “Essas palavras que o senhor acabou de pronunciar são palavras que não aceito e que quero que o senhor engula e digira da forma que achar conveniente”. Collor defendeu Renan e, de quebra, Sarney, sem deixar de culpar a imprensa. “A Casa não pode e não haverá de se agachar como a mídia deseja. Não conseguirá retirar José Sarney da cadeira”.

Daí para frente, o discurso foi aparteado pelos demais presentes. Muitos defenderam Simon. Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE) pediu inclusive que a presidência da Casa retirasse as notas taquigráficas agressivas.

Mas para o terceiro secretário do Senado, Mão Santa (PMDB-PI), que presidia a sessão no momento, nenhum discurso do dia foi agressivo o suficiente para merecer isso. “Sou professor de fisiologia e engolir e digerir não são palavras ofensivas”.

E o falatório continuou… e foi debatido por cerca de três horas, ininterruptamente.

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