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Cutucando a BESTA (Blogosfera Estatal): Coerência, pelo menos, aqui não falta

Tenho sido “acusado” nos últimos dias de coisas que eu realmente fiz. Portanto, as acusações não me machucam nem irritam. Eu realmente defendi o Bóris Casoy diante do bullying que os patrulheiros da BESTA (Blogosfera Estatal) armaram contra ele. Casoy, que é meu colega de emissora, nunca escondeu de ninguém que é um conservador. Eu não sou conservador, mas tenho respeito por ele, mesmo discordando de muito do que pensa.

A frase infeliz dita por ele foi interpretada com um sentido ideológico que realmente não tinha. Foi produto de um vazamento de áudio na passagem de bloco do jornal. Não foi um raciocínio tramado, como se ele tivesse deliberadamente , dolosamente, lançado mão de preconceitos ideológicos para ofender os garis. No campo da motivação e das intenções, o episódio não pode ser comparado ao texto em que Paulo Henrique Amorim ofende, dolosa e deliberadamente, o colega Heraldo Pereira com o bordão escravocrata “negro de alma branca”.  Mas isso os fundamentalistas da BESTA não discutem.

Também me “acusam” de ser sobrinho do ex-deputado Antônio Carlos Pannunzio. Já expliquei que ele é meu primo em primeiro grau. Imagino que a única ofensa aí e ao Antônio Carlos Pannunzio, porque a relação de parentesco que nos foi atribuída faz com que ele pareça necessariamente muito mais velho do que realmente é. Também já disse que tenho o maior orgulho desse primo, que foi e é um emblema de retidão de conduta e honestidade em sua vida pessoal.  Como nunca o entrevistei nem nem o usei como fonte de nenhuma reportagem em toda a minha vida, não vou  tecer considerações sobre as posições políticas dele. Isso simplesmente não vem ao caso. E olhem que ele era líder do PSDB e eu, repórter político em Brasília.

Para os que me cobram coerência, reafirmo que coerência não me falta. Eu não escrevi uma coisa ontem e desdisse hoje. Eu não enalteci ditadores no passado, assim como não deitei falação pela Comissão da Verdade no presente (que eu apoio, não como instrumento de revanche, mas porque representa uma oportunidade histórica de esclarecer o destino dos desaparecidos e o que permanece oculto nos arquivos do próprio Estado). Eu nunca fui obrigado a me retratar de nada.

Como quero deixar isso muito claro, reproduzo abaixo o texto em que fiz a defesa do meu colega, que mantenho integralmente. Divirtam-se, comentaristas pagos da BESTA!

O caso Bóris Casoy: reações demonstram sociopatia neonazista

Três dias atrás postei um artigo intitulado Em Defesa de Bóris Casoy. Afirmei que o apresentador do Jornal da Noite era vítima de uma campanha hedionda de cyberbullying por causa de um comentário infeliz sobre os garis. Argumentei que o áudio que vazou durante um intervalo do Jornal da Band permitia diversas interpretações e que talvez não fosse sua intenção deliberada — ou sequer inconsciente — discriminar os garis.

Mas o cerne da minha argumentação nem era esse. O que me motivou a escrever foi a reação absurdamente desproporcional de algumas pessoas. Gente que foi além do insulto, que lançou mão de argumentos fascistas para tentar desqualifcar o apresentador.

O texto recebeu milhares de comentários. A maioria esmagadora discordava de mim quanto à motivação da frase que indignou a opinião pública. Todos os comentários que não tinham conteúdo homofóbico, antissemita, de segregação religiosa, não eram injuriosos ou caluniosos foram publicados. O blog assegurou, desta forma, a manifestação de todos os que quiseram participar do debate — mesmo os que, de maneira enfática e veemente, contestavam o que eu havia escrito.

Volto ao assunto agora porque o material que chegou às minhas mãos, especialmente o que não foi publicado, me levou à triste constatação de que nossa sociedade está doente. Há uma horda de sociopatas neonazistas esperando oportunidade para se manifestar. E vou demonstrar o que estou dizendo.

No site do Yoahoo, ao responder a uma pergunta sobre o que acha de Bóris Casoy, um internauta identificado como Marcos1427 diz o seguinte: “é um judeu (nada contra) foragido da Rússia (c certeza passava fome) contraiu a poliomielite(q deve ter subido ao cérebro)”. você acha razoável que alguém se utilize das sequelas de uma doença como a poliomielite para atacar um contendor ?

Alguém com a apelido TheMiseravel escreve, no Youtube, que “NEM PRA GARÍ ELE SERVE, COMO TRABALHARIA COM SUAS LIMITAÇÕES? “. A indagação neonazista não atinge apenas o jornalista que se pretendia atacar. Atinge todos os deficientes que, de acordo com o raciocínio por trás dessa pergunta capciosa, não servem para nada, não têm utilidade social. E houve também internautas que chegaram ao cúmulo de afirmar que Bóris deveria ter morrido com um ano de idade, quando contraiu poliomielite.

A segregação racial, o preconceito religioso, o antissemitismo grassaram na internet. Num Blog do WordPress, alguém que assina Dr. Weissberg — provavelmente em alusão a Alexander Weissberg, judeu comunista que constestou o Holocausto — escreve, sobre Bóris: “Como todo judeu, desclassificam todos os que não são judeus”. Quer dizer: a religão e a ascendência étnica do âncora da Band seriam os motores ideológicos de seu comentário sobre os garis. “Sendo Boris Casoy um JUDEU, não vejo surpresa nesse ato de arrogância e insolência”, escreve alguém sob o pseudônimo de Ahmadinejad em outro blog .

Até quando parecem querer contemporizar os racistas, xenófobos e antissemitas se materializam. ”Não é pelo fato de ser judeu (tenho amigos desta religião), mas que isso ajuda ninguém pode negar”, diz um internauta no Yahoo Respostas .

O desrespeito não tem limite. “Boris Casoy [é] mais um judeu imundo e preconceituoso”, comenta alguém sob o codinome de Roberto no blog Bobagento. O mais grave é que nos comentários que se seguem ninguém o censura. No Twitter, um tal Toodoro teve a coragem de postar a seguinte mensagem: “Boris Casoy um judeu imundo e hipócrita. Fique uma semana longe desse jornalzinho que vai ver que NINGUÉM sente sua falta. SEU BOSTA!”.

A homofobia também forneceu armas para o ataque dos neonazistas de plantão. “VINDO DE UM VIADO ENRRUSTIDO O QUE SE PODE ESPERAR, ISSO SIM É UMA VERGONHA”. Foi o que disse alguém que assina João Souza no site 24horasnews.”Viado, velho filho da puta”, exclama outro (leia aqui). E por aí vai.

Também me causa espanto que sites com comentários moderados permitam esse tipo de manifestação. Cada uma dessas afirmações constitui crime hediondo, inafiançavel. A responsabilidade ultrapassa a figura do agressor e chega ao editor responsável pelas páginas eletrônicas que permite a publicação desse lixo ideológico.

Alguns dos meus críticos dizem que o suposto preconceito de Bóris contra os garis justificaria essa espécie de Lei de Talião no ambiente da internet. Seria o preconceito contra o preconceito. Não aceito essa justificativa em nenhuma hipótese. Os comentários não ferem apenas um jornalista; ferem judeus, gays, idosos, deficientes. Ferem a dignidade humana.

É por estas razões que este blog reitera o que foi dito no primeiro artigo. A sociedade contemporânea está doente. Sobre nossas cabeças paira, sem nenhuma sombra de dúvida, uma ameaça neonazista que, em letargia, vive à espreita de qualquer pequena oportunidade para assombrar nosso futuro.

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