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Em Brasília é melhor anular o voto do que coonestar o baixo nível da campanha

É tétrico o entorno da campanha eleitoral em Brasília. Ontem à noite, um longo depoimento de um cidadão que se confessa “laranja” de um esquema montado por Agnelo Queiroz para desviar dinheiro do Ministério do Esporte deixou os eleitores estupefatos.

Entre lágrimas e expressões de desespero, Michel Vieira da Silva, ex-funcionários de uma das ONGs envolvidas no escândalo, detalhou como o dinheiro deixava os cofres públicos, era “esquentado” por três entidades sem fins lucrativos e aterrissava na conta-corrente do candidato do PT.

Como tudo o que vem da campanha de Roriz merece suspeição, vi a peça escandalizado. Ou é uma armação sem nenhum escrúpulo, criminosa por seu caráter calunioso, ou é uma denúncia avasslaadora.

O caso já era conhecido da PF e do Ministério Público há muito tempo. Agnelo Queiroz sempre negou as acusações. Mas os detalhes fornecidos pelo denunciante merecem consideração. Ele citou datas, telefonemas, transações bancárias em sua conta-corrente. Tudo isso deixa rastros e merece ser averiguado.

A chapa que patrocinou a divulgação do depoimento no horário eleitoral gratuito é um acinte de desrespeito à democracia. Roriz, dpois de transformar a própria esposa em “laranja” eleitoral, tem dito e repetido, com orgulho, que “apesar do TRE, do TSE e do Supremo, o povo quer um Roriz” de volta ao Palácio das Águas Claras.

A volúpia desse homem pelo Poder é doentia. Joaquim Roriz tem contra si dezenas de inquéritos em andamento. É acusado, entre outras coisas, de ter montado o esquema que depois levaria à cadeia o desqualificado José Roberto Arruda, que transformou o governo local num covil de ladrões.

O eleitor do DF está acuado pela necessidade de escolher entre os dois candidatos aquele que lhe parece menos danoso. Ou chancela Agnelo, ou entrega a alma aos Roriz. O que fazer diate dessa autêntica sinuca de bico ?

Ontem à noite, depois do susto proporcionado pela propaganda eleitoral na TV, muita gente falava em anular o voto. Talvez seja esse o caminho mais digno para quem espera encontrar na política um mínimo de decência.

Anular o voto não muda o resultado da eleição. Tome-se como premissa que, aconteça o que acontecer, um dos dois candidatos vai se sagrar governador. Mesmo que tenha obtido uma votação ínfima, os Roriz ou Agnelo vão governar o DF.

É não permitir que as cenas sórdidas que chocaram o País no ano passado — dinheiro em meias, malas e cuecas — tenham a sua chancela moral quando voltarem a acontecer. Quando o pesadelo recomeçar, porque é certo que recomece, o eleitor que tenha anulado seu voto poderá ao menos dizer com orgulho que não delegou a ninguém o direito de lhe roubarem.

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