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A nova direita e a salvação da democracia

Congresso_Rachado

Pode não haver muito, mas com certeza nosso futuro depende do legado positivo que emergiu do pântano da eleição de 2022. Tirando todos os sustos, as frustrações, os inconformados deste País ganharam novos contendores à direita com quem poderão se aliar para reconstruir a arena da política.

São novos potenciais aliados táticos em defesa da democracia, ainda que distantes no plano das ideologias. E são muito diferentes do autocrata Jair Messias Bolsonaro, dos neonazistas e dos fascistas que o cercam.

Infelizmente, o pleito revelou que quase metade dos eleitores brasileiros tem empatia com o fascismo. Mas também fez surgir uma nova direita com a qual o campo progressista pode dialogar construtivamente.

Essa nova direta é representada principalmente pelas duas mulheres que se sobressaíram na campanha e ganharam o respeito de seus eleitores, com destaque para a candidata do MDB, Simone Tebet.

Somando os sufrágios dados a ela e a Soraya Thronicke (União Brasil), não se chega a 5% dos votos válidos. Mas ambas deixaram aberta a porta pela qual a discussão do soerguimento da democracia deve começar.

É muito diferente falar, por exemplo, sobre política ambiental com Bolsonaro ou Simone Tebet. Ele é o devastador implacável que quer ver o verde tombado e o solo revirado pelo garimpo e pela mineração.

Tebet considera que desmatar é algo que não dá mais liga com o agronegócio, e que a depredação da Amazônia é inaceitável porque cada árvore que cai na Calha Norte  do Rio Amazonas diminui um pouquinho a chuva no Pantanal e nas lavouras de soja do Centro Oeste.

Soraya Thronicke teve menos de metade dos sufrágios do vereador bolsonarista mineiro Nikolas Ferreira (PL), que conseguiu quase 1,5 milhão de votos, tornando-se o candidato a deputado federal mais votado do País. Um negacionista profissional que fez o que pode para sabotar a vacinação contra a COVID.

Soraya, ainda que eleita senadora da República na barriga do bolsonarismo, teve uma atuação digna de nota na CPI da COVID enquadrando gente como esse novo parlamentar cheio de votos que Minas plantou agora no Congresso. Por mais que se queira confundir, um e outro não são a mesma coisa.

O arco de apoios criado em torno de Lula nos dias que antecederam o primeiro turno mostra que a esquerda brasileira, ou ao menos uma parte dela, consegue enxergar a gravidade da ameaça e esquecer, ainda que temporariamente, divergência para atrair aliados a fim de combater o inimigo comum.

Além de Geraldo Alckmin, banqueiros, plutocratas, financistas, capitães de indústria e centenas de outros agentes do processo político fizeram cessar antagonismos sem importância neste momento para atravessar com Lula a tormenta arrasadora que está a destruir nossa democracia.

Quero lembrar ainda a importância que tiveram senadores como Omar Aziz e Otto Alencar, ambos do PSD, na CPI da COVID. Alencar foi reconduzido ao Senado pelos baianos com quase 60% dos votos. Aziz foi reeleito com 41,5% dos votos do amazonenses.

Como se vê, espaço para a conversa, há! Agora vai ser necessário ter vontade sincera para que essas alianças táticas se efetivem. E isso vai depender essencialmente da maturidade das lideranças progressistas.  

Não faltam motivos para que essa gente toda se reúna em benefício da manutenção da democracia brasileira, que segue mais ameaçada e vulnerável do que nunca.

Pois que as conversas comecem logo e sejam sinceras e produtivas.

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