Depende.
Se Michel Temer assumir o Poder, os atos oficiais voltam a ser assinados por um “presidente”.
Vamos supor que a Nação prefira um banho de urna para restaurar a legitimidade corroída pela crise política. Aí tudo pode acontecer.
Vai que ganha um Bolsonaro, um Marco Feliciano, um Malafaya. Todos eles igualmente machistas – misóginos, eu diria.
Pode ser que exijam que a palavra ‘presidente’ seja flexionada para o gênero masculino — presidento. Pode ser que queiram também trocar Vossa Excelência por Vosso Excelêncio — para deixar claro que o Brasil é um reino dirigido por espadas.
Seus interlocutores do sexo masculino seriam “Vosso Senhorio”. Mulheres não seriam nem recebidas em palácio. E quando o Papa vier ao Brasil ? Seu Santidado!
Mas e se Marina Silva vencer o banho de urna ? Optará ela por presidente ou presidenta ? Presidento é que não vai ser.
Num mundo multideverso, poliafetivo e de identidades fragmentadas, é provável que surja uma turba de pós-filólogos e proto-gramáticos advogando o uso de neologismos complexos como presidentoa ou presidentao, uma vez que a pessoa que ocupa a posição mais proeminente do universo da política é representante de toda a poli-Nação e não deve permitir a segregação de todos os gêneros em função da escolha arbitrária de um único.
Mas pode ser que surja alguém com uma dúvida quase filosófica: Se é pra abarcar todos os gêneros, que tal não explicitar nenhum ?
Aí é capaz de aparecer alguém lúcido propondo uma solução salomônica revolucionária: a reabilitação de uma palavra que entrou em desuso em 2011, que tem a universalidade contida em si mesma. Algo bem simplesinho, quase brejeiro:
Presidente.