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Seis por meia dúzia

FOTO: DIDA SAMPAIO/ESTADAO

Michel Temer agoniza no Planalto. A Lei da Entropia atua fortemente sobre um governo que não tem saída da crise moral em que se enfiou. Nem o silêncio de certos movimentos de rua adestrados pela direita, nem o apoio determinado de um empresariado cínico em suas pretensões são capazes de fornecer o combustível necessário para equilibrar o esquálido sistema de forças sobre o qual ainda se mantém o Presidente da República.

Dita a Segunda Lei da Termodinâmica que todo sistema tende a se desorganizar com o tempo. E que a energia necessária para mantê-lo íntegro acaba sendo superada pelas forças que o levam à desorganização. O que sobrevém é o caos. Ontem, com a denúncia do Procurador-Geral da República, o governo Temer cruzou o ponto de máximo esgarçamento — aquele em que o movimento em direção ao colapso é irrefreável.

Ninguém sabe quanto Michel Temer é capaz de resistir. Mas não é difícil perceber no ambiente que o circunda que seus apoiadores começam a se retrair. Como fatos novos e gravíssimos não param de vir à luz, cada pulo do ponteiro do relógio representa o agravamento da agonia.

O PDSB, que havia desistido de reunir a Executiva para reavaliar a situação, remarcou a reunião prevista para a próxima quinta-feira. É muito provável que os tucanos entreguem os quatro ministérios que ocupam. Se isso acontecer, o estrago será muito maior do que a perda de 46 votos. Pode começar o efeito manada, liquefazendo a base aliada.

Há focos de rebelião dentro do PMDB. Deputados até do Centrão começam a reclamar da pressão dos eleitores para saltar do barco à deriva. Imagine o que passará pela cabeça de um parlamentar sem nenhuma expressão – a maior parte da base é composta pelo baixo clero congressual — quando for instado a dizer publicamente que vai barrar o processo criminal contra um notório corrupto em plena era da Lava Jato. Escolher Temer é renunciar ao eleitor.

A solução que se prenuncia é a pior possível. Pode enfiar o Pais novamente num processo acelerado de desagregação. Articula-se para que Rodrigo Maia pule da interinidade dos 30 dias de vacância constitucional até a realização da eleição indireta para a efetividade do mandato-tampão.

É trocar seis por meia dúzia.

Ele é cliente da Lava Jato. E assim que assumir a cadeira onde Temer resfolega, vai estar exposto à mesma desdita. A qualquer momento um oficial de justiça pode chegar ao Planalto e mandá-lo desocupar a cadeira. E todo o ciclo terá ter início novamente.

Nem as indefectíveis reformas, nem o oportunismo das elites empresariais capengas e egoístas, nem a pura falta de juízo recomendam o caminho que está sendo tramado.

A hora é de perder, e não de pensar em ganhar anéis. Para salvar os dedos das instituições e salvaguardar o espaço onde ainda viceja a nossa democracia.

No Brasil de hoje, brincar de ganha-ganha é querer ser condenado a uma perda gigantesca. O risco não vale a pena.

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