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Carluxo mente. Mortes por outras causas que não a COVID continuam acontecendo no País

Ao contrário do que afirma o vereador Carlos Bolsonaro, não é verdade que todas as mortes ocorridas no Brasil estejam sendo registradas como se fossem decorrentes da COVID. A afirmação, em forma de insinuação, foi feita em postagem no Twitter nesta segunda-feira para servir como dog whistle para que a matilha fascista iniciasse mais uma tentativa de desacreditar as estatísticas oficias da COVID.

Não é a primeira vez que o filho 02 do Capitão, apontado como chefe da milícia virtual que tenta construir uma realidade paralela a partir de ações de fake news, se vale de dados falsos para mascarar a crise que o governo do pai atravessa.

Na postagem desta segunda, Carluxo afirma que “pessoas não falecem mais de tuberculose como antes, os casos de pneumonia caíram drasticamente, infarto despencaram”. A afirmação é inteiramente falsa.

De acordo com as estatísticas do Registro Civil, as pneumonias mataram 183.449 pessoas no ano passado, o que equivale a 19,28% do total dos 1.369.370 óbitos provocados por afecções respiratórias em 2020. Este ano a pneumonia já matou 39.184 brasileiros, o equivalente a 10,07% do total de 389.058 óbitos motivados por problemas respiratórios ou cardíacos.

Os óbitos decorrentes de infarto, que segundo o chefe da milícia digital bolsonarista teriam despencado, na verdade seguem matando, e muito, no Brasil. Foram 94.408 registros em 2020, ou 6,89% do total. Este ano já houve 20.889 mortes por infarto — 5,36% do total até o momento.

Embora as informações publicadas no portal do Registro Civil não permitam aferir o que houve com causas como tuberculose e assassinatos, óbitos categorizados como sendo provocados por outras causas aumentaram 5,06% entre 2019, ano em que não havia COVID-19, e 2020, que transcorreu inteiro sob a pandemia.

A notícia falsa disseminada pelo chefe da milícia não é um fato isolado. As redes bolsonaristas vêm bombado informações que têm por objetivo lançar dúvidas sobre o número de pessoas mortas pela SARS-COV-2.

Na semana passada, um video gravado pelo médico Ricardo Mattos foi replicado dezenas de milhares de vezes em grupos bolsonaristas no Whatsapp e nas redes sociais, impulsionando a desconfiança. O médico afirmou, logo após o enterro, que a morte de seu próprio pai não foi consequência da COVID, que no entanto aparece entre as causas descritas na certidão de óbito.

A partir de sua convicção de que o pai não morreu por causa da pandemia, Ricardo Mattos encerra o vídeo-denúncia com uma extrapolação afronta os dados oficiais. Segundo ele, este caso seria um exemplo do que ocorreu aos “300 mil brasileiros [mortos pela SARS-COV-2]” que “não morreram de COVID. É mentira”.

Ricardo Mattos só esqueceu de mencionar que o atestado de óbito foi assinado por um médico assistente indicado por ele mesmo e seus parentes.

A tentativa de desacreditar os registros de morte por COVID não ficou restrita aos guetos da internet. O Jornal da Record, braço do bolsonarismo na chamada mídia convencional, colecionou dois casos para lançar dúvidas sobre a fidelidade dos registros. Um deles é o do médico Ricardo Mattos.

O tuíte de Carluxo serviu como dog whistle (apito de cachorro) para que sua matilha imediatamente passasse a produzir fake news com o intuito de deslegitimar as estatísticas da COVID. Dezenas de mensagens como as que se pode ver abaixo, contendo depoimentos falsos de situações homólogas, logo varreram as redes sociais.

“Minha vizinha morreu na sexta de embolia pulmonar, e no atestado de óbito estava COVID”, diz a mensagem postada pelo perfil falso do Twitter Lu Constantino (@aabrasileira), especializado no espelhamento de mensagens da milícia.

“No final desta pandemia, qdo pessoas honestas, dedicadas e isentas, fizerem levantamos nos cartórios bras. (…), a VERDADE criminosa vai aflorar de forma inquestionável”, escreve outro bot bolsonarista apelidado de Francisco Justo (@chicojusto55).

Assim como Lu Constantino, esse perfil também é utilizado quase que exclusivamente para retuitar a munição da milícia digital. “Se nossa Justiça for honesta”, avisa o miliciano, “vai prender mta gente!..”

Nada disso, porém, tem sido capaz de evitar ou conter a corrosão da imagem do chefe supremo da facção de extrema-direita que governa o País, o capitão Jair Bolsonaro. Duas sondagens recém publicadas atestam que a criação de narrativas inverossímeis, que não encontram amparo na realidade da crise sanitária, não tem surtido efeito.

O último levantamento do PoderData revelou que 44% dos brasileiros responsabilizam diretamente Bolsonaro pela situação catastrófica a que o País chegou na pandemia. Outros 4% dizem que a culpa é do Ministério da Saúde.

A pesquisa XP-IPESPE divulgada hoje mostrou a agravamento da crise de imagem que acomete o presidente da República. O percentual de brasileiros que consideram o governo Bolsonaro ruim ou péssimo subiu de 45% para 48%.

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