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A física do governo Dilma

entropiaO governo Dilma Rousseff tem dimensões vetoriais. Está provando que, no universo da política, tudo o que já é infimamente pequeno pode ficar ainda menor. Não há um zero absoluto. Para quem pensava que as crises econômica, moral e de governabilidade já haviam reduzido ao mínimo o que restou de Dilma, a provável nomeação de Lula vem a demonstrar que não, que sempre haverá como se apequenar ainda mais. Trocando em miúdos, Dilma se transforma, com a nomeação de Lula, numa partícula subatômica do que já foi um dia.

A escala vetorial, no entanto, é apenas o menor dos problemas. O maior é a falta de legitimidade representada pela entrega simbólica da faixa presidencial a Lula com sua unção em um ministério importante. A despeito da incômoda condição de investigado, Lula ainda tem brilho político, atributo do qual Dilma é completamente desprovida. E vai obscurece-la até que a anã branca dos dias de hoje se torne um opaco buraco negro.

Pode ser que a Justiça entenda que essa manobra, feita em boa medida para livrar Lula das garras de Sérgio Moro, constitui uma tentativa de obstruir as investigações sobre a suposta ocultação do patrimônio do ex-presidente. Pode ser que não. No passado, Lula usou o mesmo artifício para tirar Henrique Meirelles do alcance de um juiz de primeira instância.

Meirelles permaneceu oito anos à frente do Banco Central e não consta que tenha sido molestado, nem ele nem seu patrono Lula, por tentarem obstruir a Justiça. Mas o Judiciário mudou. Era um ao tempo que o primeiro petista chegou ao Poder no Brasil, é outro na iminência de sua saída apressada pela porta dos fundos. Ainda que com a mesma matéria-prima. Mas é sempre bom relembrar a Lei de Conservação das Massas, de Antoine  Lavoisier, segundo a qual na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.

Ninguém sabe o que vai acontecer, mas se há algo certo é que o nível de entropia dentro do governo só faz aumentar. A entropia é a medida da desorganização dos sistemas. O princípio que está por trás desse conceito é o de que todo trabalho degenera em calor, mas nem todo calor pode ser transformado em trabalho. Como se sabe, a crise já dispersou uma enorme quantidade de calor político. E produziu pouco trabalho útil para a governabilidade do País.

O nível de entropia dentro do governo Dilma é crítico. Um pouco mais de desordem e sobrevirá o caos. Mas assim como ele tem provado que não há nada tão pequeno que não possa ser reduzido, talvez  consiga evitar o colapso entrópico que se anuncia.

Nunca duvide de um governo cuja chefe se preocupa em estocar vento.

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